
Elia Chatah.
Um dos focos principais da estratégia de expansão de portfólio da SAP nos últimos anos, o varejo continua firme na mira da companhia alemã, mesmo com o cenário de crise e prospectos pouco animadores de mercado.
Segundo Elia Chatah, líder de retail da SAP Brasil, apesar do momento complicado pelo qual o varejo enfrenta - e que pode se agravar a curto prazo - a companhia projeta seguir crescendo "dois dígitos" nas vendas da suíte SAP Retail, que abrange desde ERP até aplicações de CRM, WMS, e-commerce, entre outros.
"Para este ano, temos um pipeline extenso de projetos e esperamos manter este ritmo", afirma Chatah.
Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, varejistas apontaram um recuo de 0,8% no primeiro trimestre de 2015, o pior índice do setor desde 2003.
A desaceleração já se reflete nos balanços. A Magazine Luíza, cuja dona, Luíza Trajano, se tornou um símbolo do otimismo no setor no ano ado ao provocar o jornalista Diogo Mainardi no Manhattan Conection ("vou te mandar um email"), publicou hoje resultados trimestrais pouco encorajadores.
A empresa teve queda de 80% no lucro no primeiro trimestre, ficando em escassos R$ 2,9 milhões. A receita líquida começou a recuar, caindo 0,7%, para R$ 2,25 bilhões.
Nesta semana, varejistas como C&A, Marisa e Lojas Riachuelo dispensaram cerca de 800 pessoas em São Paulo.
Chatah não nega que o varejo vive um momento problemático, mas aponta que esta também pode ser uma oportunidade de levar as soluções da SAP para o segmento.
"É preciso apertar o cinto, reduzindo custos sem perder produtividade. Nosso atual desafio é convencer os varejistas, desde as grandes cadeias até redes de médio porte, que podemos auxiliar nisso com nossas soluções", afirma o executivo.
Um dos produtos citados pelo líder de retail é o Customer Activity Repository (CAR), plataforma de centralização de dados de consumo baseada em Hana, oferta criada no ano ado e vendida como uma parte importante para clientes interessados em multicanalidade (vendas online e físicas).
Embora o executivo não revele valores, ele destacou que a filial brasileira continua investindo em esforços de capacitação e pesquisa e desenvolvimento na área, apostando também nos canais para impulsionar esta oferta.
Um dos exemplos mais evidentes, segundo a SAP, é a solução de e-commerce Hybris, que já tem contratos divulgados com empresas como Hering, Racco Cosméticos, Arezzo e DPaschoal.
"Compramos a Hybris em 2013 e desde o ano ado um grande número de parceiros abraçou esta oferta, interessados no potencial do e-commerce para grandes empresas e também em plataformas multicanal", afirmou Chatah.
Nos últimos meses, diversas integradoras SAP fizeram esforços em se posicionar como parceiros Hybris no mercado brasileiro. Entre elas estão nacionais como a curitibana FH e a paulista CI&T, até multinacionais como Keyrus e Arvato.
Outro desafio citado por Chatah é o de desvincular o portfólio da SAP da oferta de ERP, tradicional carro-chefe da companhia alemã. Para o executivo, os varejistas aos poucos estão se dando conta que podem adquirir produtos para necessidades específicas e não obrigatoriamente uma suíte completa.
Conforme explica Chatah, a empresa possui o SAP Retail, solução integrada para varejo, incluindo ERP, mas o plano é mostrar que produtos como CRM, Hybris e CAR são agnósticos, funcionando em qualquer ambiente e escala.
"Nosso objetivo é atender todo tipo de demanda, desde o lojistas que quer inovar e oferecer experiências de compra para se destacar, até a rede que ainda precisa investir na retaguarda e otimizar seus processos", afirma.
Uma mostra do desafio proposto por Chatah é o fato de que das três, apenas a Racco não era cliente do ERP da SAP.
* Leandro Souza viajou a São Paulo a convite da SAP.