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Diego Dzodan, diretor da SAP para o Sul da América Latina.
A SAP lançou, nesta segunda-feira, 10, um módulo para o eSocial, as novas regras para troca de informações sobre Recusos Humanos entre empresas e governo que devem entrar em vigor em junho.
O software roda integrado no Tax Management Framework, plataforma baseada na tecnologia de banco de dados de alta velocidade SAP Hana já usada para processar outras das obrigações fiscais do governo dentro do programa Sped.
Assim como já havia acontecido com o módulo anterior para gestão tributária, lançado em março do ano ado, e o módulo de nota fiscal eletrônica, a novidade teve o desenvolvimento no SAP Labs, centro da multinacional alemã instalado em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
O módulo para eSocial da SAP pode funcionar integrado ao sistema de gestão de capital humano da multinacional, o SAP HCM, ou com soluções terceiras de processamento de folha salarial nacionais como as da Senior, multinacionais como a ADP Systems e outras.
“A ideia é oferecer mais opções para os clientes, incluindo alavancar seus softwares legados”, revela Diego Dzodan, diretor da SAP para a região SOLA (Sul da América Latina), que inclui o Brasil.
Dzodan não esconde, no entanto, que existem vantagens em uma integração de várias ferramentas de uma mesma fabricante e que existe uma expectativa que no futuro, quando a preocupação com o eSocial for menos com puro compliance e mais com análise de informações, a nova oferta possa alavancar vendas de BI, HCM e mesmo ERP.
Ao contrário do que foi feito com a parte de obrigações fiscais do Tax Management Framework, no qual a SAP cadastrou parceiros especializados em gestão de tributos – Sonda IT, FirstTeam e NTT Data, entre outras – e inclusive comprou uma participação não revelada na All Tax, o eSocial será um voo solo, pelo menos em um primeiro momento.
“No futuro, podemos ter parceiros que desenvolvam regras para fazer análise de dados sobre eSocial rodando no Hana”, indica Dzodan.
A cautela tem seus motivos. Apesar de ter data marcada para entrada de vigor em junho, não seria lá uma grande surpresa se em um ano de Copa do Mundo e com muitas empresas atrasadas, o prazo para entrada em vigor do eSocial fosse adiado pela terceira vez.
O próprio governo federal, se movendo com a pachorra habitual, ainda não divulgou algumas regras sobre o eSocial, um sistema multifacetado que envolve Receita Federal, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Previdência Social, o INSS e Caixa Econômica Federal.
Do lado dos possíveis clientes, também não há muita empolgação.
Segundo levantamento da Wolters Kluwer Prosoft com 1.310 escritórios de contabilidade e 106 departamentos contábeis-financeiros, 45% itiram não ter planos de promover investimentos adicionais para se adaptar ao eSocial.
Outro grande grupo (46%) pretendem desembolsar até R$ 10 mil e só 7% preveem alocar entre R$ 10 mil e R$ 50 mil para se adaptar ao eSocial.
O investimento em tecnologia da informação também faz parte dos planos de apenas 8% dos participantes da pesquisa. A ideia dessa parcela é direcionar verbas para a aquisição de banda larga, computadores e servidores mais potentes, redes, back-up e softwares.
O universo pesquisado pela Wolters Kluwer Prosoft – só 19% dos pesquisados já possuem acima de 15 computadores – não reflete exatamente o perfil de grande empresa na qual a SAP tem sua base forte no Brasil, no entanto.
E, no longo prazo, mesmo aos trancos e barrancos, está claro que o Sped está aí para ficar, com a introdução de sistemas de relacionamento eletrônico com o governo que não significaram até agora uma descomplicação do emaranhado de regras subjacentes que regem o sistema tributário.
Assim, a SAP, que não tem nada com isso, pode estar à frente de uma grande oportunidade de negócios, vendendo tecnologia de processamento de alta capacidade para entender e gerir o monstro que o estado brasileiro criou.
“Com a adoção de novos requerimentos fiscais e tributários, que ocorrerá gradativamente até janeiro de 2015, e que valerá para empresas de todos os portes e segmentos, as companhias poderão atualizar informações em apenas um sistema, utilizando a solução de SAP”, projeta Alberto Oppenheimer, diretor de soluções e pré-vendas da SAP para a região Sul da América do Sul.