
Satya Nadella, na versão em IA. Brincadeira. Foto: Depositphotos.
As aplicações de software voltadas para negócios devem desaparecer, na medida em que são substituídas por agentes baseados em inteligência artificial.
Quem diz isso não sou eu (quem sou eu para fazer uma previsão dessas), mas o CEO da Microsoft, Satya Nadella, durante uma entrevista para o Bg2, um podcast relativamente pouco conhecido focado na indústria de tecnologia.
A conversa foi há três semanas, e durou cerca de 1h30, mas 15 minutos no qual Nadella fala sobre a “morte do SaaS” começaram a viralizar em posts no LinkedIn e outros podcasts especializados nos últimos dias do ano.
Nadella não chega a falar diretamente da “morte do SaaS”, mas as implicações do que ele afirma são claras.
"A ideia de que existem aplicações de negócio vai entrar em colapso, dando lugar à era dos agentes", disse Nadella.
Segundo o CEO da Microsoft, as aplicações de negócio tal e como elas existem hoje são apenas uma interface para os usuários interagirem com bancos de dados criando, lendo, atualizando e deletando informações, dentro de regras determinadas regras de negócio.
No futuro, os atuais usuários de software vão interagir com agentes de inteligência artificial, que serão os depositários das regras de negócio e serão capazes de executar tarefas fazendo uso de diferentes bancos de dados e sistemas.
Nesse cenário, no lugar de navegar entre diferentes aplicações (ou dentro de menus dentro de uma mesma aplicação), o usuário interage com um agente, que por sua vez orquestra os processos no background.
As afirmações de Nadella são surpreendentes, tendo em vista que a empresa é uma das inventoras do modelo de software atualmente existente, mas menos surpreendente tendo em conta que a empresa já investiu US$ 14 bilhões na OpenAI, visando justamente chegar no cenário descrito pelo seu CEO.
Previsões do tipo “a tecnologia X chega para matar a tecnologia Y” são recorrentes no segmento, e tem muitos mainframes atualmente na ativa dando risada delas faz décadas, para citar só uma tecnologia já dada por morta em umas quantas ocasiões.
O mais comum é que agentes de IA e diferentes aplicações de software convivam por muito tempo, em ambientes mistos, devido a todo tipo de dificuldades práticas para realizar 100% um cenário totalmente movido por agentes, uma tecnologia hoje em estágio inicial.
A prova que o caminho pode ser mais pedregoso do que parece são decisões recentes da própria Microsoft, que, para bombar o seu agente Copilot recorreu a uma prática ainda mais frequente no mundo de que tecnologia do que previsões sobre a “morte de X”: empurrar produtos nos clientes.
Segundo revelou no final do ano o Wall Street Journal, a Microsoft começou a empurrar o Copilot às s do Word, Excel e PowerPoint na Austrália e em vários países do Sudeste Asiático, aumentando o preço por tabela.
Um porta-voz da Microsoft não quis comentar sobre a estratégia por trás da adição forçada do Copilot em certas regiões e se a empresa planeja uma abordagem semelhante em outros mercados.
As empresas têm se mostrado meio desanimadas sobre a utilidade do Copilot e questionam se os resultados das ferramentas de IA são precisos, se protegem seus dados privados e se são úteis o suficiente para justificar o custo, que pode chegar fácil a milhares de dólares por ano em grandes organizações.