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Afuso cutucou a SolidWorks em seu keynote.
A Siemens PLM quer colocar o software Solid Edge na liderança do mercado mundial de CAD e está afiando as armas para isso.
Para conseguir o objetivo de desbancar os concorrentes SolidWorks e Autodesk no mercado de soluções de design para médias empresas, a multinacional alemã criou uma operação interna exclusivamente dedicada à área, com times de vendas e desenvolvimento próprios.
“A Siemens tem a meta de liderar em todos os mercados em que atua. Podemos fazer isso também em CAD”, afirma Karsten Newbury, gerente geral da área de Mainstream Engineering Software da Siemens PLM Software.
Newbury reconhece que durante anos o Solid Edge ficou em “segundo plano” mesmo dentro da UGS, empresa dona da tecnologia adquirida pela Siemens por US$ 3,5 bilhões em 2007.
Não é mais assim, garante o executivo, destacando que a multinacional inclusive iniciou um evento exclusivo focado na comunidade Solid Edge, cuja segunda edição foi encerrada em Nashville, nos Estados Unidos, nessa quarta-feira, 13.
Os números parecem indicar que a nova estratégia da Siemens para o negócio Solid Edge estão dando resultado: as vendas do software tiveram alta de 40% no primeiro semestre de 2012 nos Estados Unidos, mesmo em um período de estagnação econômica.
Outro indicador positivo é a alta das vendas indiretas da solução para 90%, com uma meta de chegar a 100%. “A Siemens está acostumada a fechar grandes negócios diretamente, mas essa não é a melhor abordagem para o mercado de CAD”, reconhece Newbury.
O executivo afirma a que divisão de Mainstream Engineering funciona como uma “pequena empresa” com liberdade para atuar dentro da Siemens PLM, que por sua vez é parte da divisão de automação da multinacional, responsável por quase metade do faturamento de 102 bilhões de euros de 2011.
Em um mercado maduro como o de CAD, o crescimento precisa se dar com conquista de usuários da concorrência, origem atual de um terço das vendas da companhia.
A Siemens PLM não faz segredo sobre quem é o seu alvo: a SolidWorks, empresa americana adquirida em 2007 pela sa Dassault Systemes concorrente da Siemens em ofertas mais sofisticadas de CAD e no mercado de soluções de gestão de ciclo de vida do produto (PLM, na sigla em inglês).
Tony Affuso, CEO da Siemens PLM, deu o recado durante a abertura do evento, frisando dezenas de casos de “conversão” de clientes do concorrente e apontando para a insegurança existente na base de usuários sobre a migração do kernel do software do atual Parasolid – tecnologia licenciada da Siemens – para o Catia, da Dassault.
Com um slide com uma matéria do influente site de design britânico Develop 3D intitulada “The Death of Solidworks?” às suas costas, Affuso revisou o histórico de migrações tecnológicas conturbadas do concorrente.
“Na migração da versão 4 do Catia eles não conseguiram migrar todos os dados. Isso é inaceitável para nós”, cutucou o CEO. “Ninguém quer perder seus dados. Sabe-se lá como será a próxima migração”.
A SolidWorks costuma frisar que o lançamento de um novo produto baseado no kernel do Catia não significará a descontinuação do atual – o tipo de promessa que ninguém acredita no meio de software – e tem feito de tudo para abafar os rumores sobre migração, cujos detalhes só devem ser anunciados ano que vem.
Até lá, e provavelmente depois, o mercado de CAD vai assistir a uma briga de cachorro grande entre Dassault e a Siemens. Façam suas apostas.
* Maurício Renner cobre o Solid Edge University 2012 em Nashville a convite da Siemens PLM.