
O serviço por aplicativo possui 30 milhões de usuários ativos (Foto: Divulgação)
A Uber gerou um valor de R$ 36 bilhões para a economia brasileira em 2021, quantia que representa 0,4% do PIB do país.
Desde o início da operação do app no Brasil, há uma década, o valor total reado a motoristas e entregadores parceiros chega a R$ 76 bilhões.
As cifras fazem parte de um estudo encomendado pela empresa com a consultoria inglesa Public First e divulgado pela primeira vez no país.
Como não poderia deixar de ser, os dados mostram que os 30 milhões de usuários ativos do app no país consideram ele fundamental no seu cotidiano e benéfico para a sociedade de maneira geral.
A pesquisa indicou que 75% dos usuários do aplicativo acreditam que, agora, é mais fácil voltar para casa tarde durante a noite, e 66% afirmam que usufruem do serviço para ar locais que o transporte público não atinge.
No quesito segurança, 81% dos brasileiros entrevistados consideram que os aplicativos de mobilidade colaboram para a redução de motoristas embriagados circulando pelas ruas.
Já no que diz respeito à economia de tempo, o estudo calcula que através das mais de 6,7 bilhões de viagens realizadas com a Uber no país entre 2014 e 2021, os ageiros economizaram mais de 250 milhões de horas redirecionadas a outras atividades.
Por isso, 62% dos participantes afirmam à consultoria que a presença da Uber no Brasil é a mais impactante inovação de mobilidade da última década no país.
De acordo com 87% dos colaboradores da plataforma, a flexibilidade em suas horas de trabalho foi decisiva para trabalhar com o aplicativo, enquanto 78% são atraídos pelo possível equilíbrio entre as corridas e outros compromissos, como estudos e família.
“Embora a pandemia tenha trazido enormes desafios nos últimos dois anos, a plataforma da Uber se manteve como uma importante aliada para o país. Agora que estamos vendo o negócio superar níveis ainda maiores que antes da pandemia, seguiremos comprometidos em oferecer a melhor experiência tanto para usuários quanto para motoristas parceiros”, afirma Silvia Penna, diretora-geral da Uber no Brasil.
O estudo e os dados inéditos parecem ser uma resposta da Uber a um cenário problemático para os negócios da empresa no país.
Em 2021, teve início a Comissão Interparlamentar de Inquérito (I) dos Aplicativos, para investigar os contratos das empresas de transporte particular de ageiros e pequenas mercadorias.
Um dos pontos chave do debate, como já acontece em outros países, é a natureza da relação laboral entre os motoristas e o aplicativo.
O Uber, como os outros aplicativos que surgiram na esteira do seu modelo de negócio, defende com unhas e dentes que sua atuação é de uma plataforma, e que os motoristas são agentes independentes.
Os críticos apontam que, sem um vínculo empregatício, os motoristas são na verdade mão de obra precária, fazendo jornadas de trabalho abusivas e sem a proteção legal dos funcionários empregados pela CLT.
Uma pesquisa realizada em conjunto com a Universidade de Oxford e divulgada no início deste ano, revelou que, no Brasil, em meio aos aplicativos de serviço, apenas a 99 Táxi comprovou que seus colaboradores ganham acima do salário-mínimo nacional, conforme o Brasil de Fato.
Outra frente de problemas é a insatisfação crescente entre os usuários finais. Em julho, a Uber e a 99 Táxi foram convocadas pela Secretaria Nacional do Consumidor para esclarecer a alta de queixas nas plataformas da Defesa do Consumidor, por problemas como cancelamentos de corridas, cobranças indevidas e práticas abusivas, como aponta o Tilt Uol.
Mais recentemente, durante a campanha eleitoral, o presidente eleito Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva (PT), reacendeu a discussão a favor da defesa da regulamentação do trabalho por aplicativos, em prol da seguridade social dos trabalhadores.
Conforme reportou o Money Times, essa pauta tem sido uma das medidas estudadas pelo Partido dos Trabalhadores, contemplando mudanças da reforma trabalhista que remonta desde o governo de Michel Temer.
No Brasil desde 2014, a Uber está presente em 71 países e mais de 500 cidades brasileiras. A empresa registrou crescimento de 105% em sua receita no segundo trimestre de 2022, chegando a US$ 8,07 bilhões.
O país é um mercado importante para a companhia, que tem em São Paulo seu primeiro centro de desenvolvimento tecnológico na América Latina, com foco inicial em segurança e investimento de R$ 250 milhões em cinco anos.