
Universidade federal gaúcha tem problema com cotistas. Foto: UFRGS.
A UFRGS instaurou um comitê interno para averiguar se 334 estudantes da universidade federal gaúcha itidos por autodeclaração como cotistas raciais na instituição são de fato negros.
Segundo revela a Zero Hora, os alunos foram convocados a comparecer diante de uma “comissão de aferição” a partir da sexta-feira da semana que vem.
Cada aluno recebeu uma notificação pessoal e sigilosa para comparecer em dia e turno determinados em um local não revelado pela universidade pública.
A UFRGS montou duas comissões de cinco pessoas, formadas por professores e técnicos da instituição, com diversidade de gênero e raça.
Os alunos convocados serão avaliados em silêncio pelos integrantes da banca, que tomará sua decisão com base em traços físicos, ou, para usar um termo mais técnico, o fenótipo.
Se os integrantes da comissão concluírem que os estudantes não são negros, a universidade dará início ao procedimento para desligá-los.
O resultado será disponibilizado no Portal do Aluno. Se discordar do parecer, o estudante poderá recorrer istrativamente.
Pela lei 12.711 de 2012, as universidades federais devem reservar 50% das matrículas por curso e por turno a oriundos do ensino médio público. Uma parte dessas vagas é reservada a estudantes que se autodeclaram negros.
A lista dos avaliados foi feita a partir de um levantamento de 400 nomes feito pelo que a Zero Hora chama de “coletivos negros” em diferentes cursos agrupados em um movimento chamado Balanta.
O comitê racial da UFRGS será permanente. O edital para o vestibular de 2018, publicado em outubro, informa que no ano que vem os candidatos terão de comparecer perante uma comissão de verificação da autodeclaração étnico-racial, só podendo se matricular depois de ar pela avaliação presencial.
“Nós confiamos na natureza humana e confiamos que a natureza humana faria com que as auto declarações estivessem fundamentadas apenas na verdade. Mas é fato, infelizmente, que isso não acontece sempre. Então, a natureza humana é falha. Nesta idade, a gente já deveria ter reconhecido isso”, filosofou em declaração à ZH o reitor da UFRGS, Rui Oppermann.
As revelações sobre a natureza humana deflagradas pela expansão do sistemas de cotas não se limitam à UFRGS.
No ano ado, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) afastou 26 estudantes da Medicina que teriam ingressado como cotistas raciais sem ser negros.
A maior parte deles conseguiu voltar aos cursos com o amparo de liminares.