
Pesquisadores lançaram um estudo sobre o lado sombrio da viagens a trabalho. Foto: Matej Kastelic/Shutterstock.
A Universidade de Surrey, na Grã-Bretanha, e a Universidade de Linnaeus, na Suécia, publicaram uma pesquisa feita em conjunto sobre os efeitos de viagens frequentes. O estudo destaca o que os pesquisadores chamam de "lado mais sombrio da hipermobilidade".
Ligada especialmente aos viajantes a negócios, e hibermobilidade ganhou um certo prestígio na sociedade contemporânea, segundo a The Economist. Mesmo com o aparente “glamour”, o estudo aponta consequências fisiológicas, emocionais e sociais do hábito.
As consequências fisiológicas são apontadas pela publicação como as mais óbvias. O Jet lag é um problema que os viajantes identificam com facilidade, mas ele pode causar efeitos nem sempre percebidos. A pesquisa aponta que as mudanças de fuso-horário podem levar ao envelhecimento acelerado e ao aumento do risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.
Depois, há o perigo de trombose venosa profunda, exposição a germes e radiação para pessoas que voam mais de 130 mil km por ano - o que excede o limite regulamentar para a exposição à radiação.
O estudo ainda lembra que viajantes de negócios tendem a ter menos tempo e locais adequados para a prática de exercícios e alimentação saudável.
As consequências psicológicas e emocionais das viagens de negócios são mais abstratas, mais ainda existentes, segundo a pesquisa. Viajantes frequentes experienciam "desorientação" por mudar de lugar e fuso-horário com tanta frequência.
Eles também sofrem estresse pelo acúmulo de tarefas, pois o tempo gasto em viagens raramente é compensado através de uma carga de trabalho reduzida. Assim, pode haver ansiedade associada ao trabalho e a sobrecarga de informações, mesmo estando longe.
Devido à ausência da família e dos amigos, a hipermobilidade é frequentemente uma experiência de isolamento e solidão, define a pesquisa.
Um estudo feito com 10 mil funcionários do Banco Mundial constatou que aqueles que viajam a negócios são três vezes mais propensos a apresentar pedidos de seguro psicológicos.
Finalmente, há os efeitos sociais. Os casamentos sofrem com as separações causadas pelas viagens, assim como os filhos. Além disso, as relações tendem a se tornarem mais desiguais, pois quem fica em casa acaba assumindo funções normalmente realizadas pelo outro.
Segundo a pesquisa, nesse quesito ainda há uma disparidade de gêneroi, uma vez que a maioria dos viajantes de negócios é homem. - Uma pesquisa realizada pela Accor em 2011 revelou que 74% dos viajantes a trabalho eram do sexo masculino.
A The Economist afirma que os resultados do estudo são amenizados pois esses impactos podem atingir um segmento da pequeno e de elite da população - que tende a ter maior renda e o aos melhores cuidados de saúde.
De acordo com o estudo, na Suécia, 3% da população é responsável por um quarto das viagens internacionais. Assim, estes podem ser os problemas de uma parcela muito reduzida da população, mas não deixam de ser reais.