
Interior de um dos veículos da Moia. Foto: Divulgação.
A Volkswagen vai colocar o seu próprio serviço de transporte compartilhado nas ruas de Hamburgo no ano que vem.
As ruas da segunda maior cidade da Alemanha, com 1,7 milhão de habitantes, receberão inicialmente uma frota de 200 vans, com um veículo elétrico da Volkswagen desenhado especialmente para essa finalidade.
O anúncio foi feito pelo CEO da Moia, uma startup de mobilidade criada pela Volkswagen em 2016, durante o Tech Cruch Disrupt em Berlim nesta semana.
A Moia é parte da resposta da maior montadora de carros a ameaças como o crescimento de apps de transporte e a possibilidade veículos autônomos em um futuro próximo.
O novo serviço funcionará dentro do conceito de "pool" já disponível em aplicativos como o Uber, no qual diversos usuários usam o veículo ao mesmo tempo, fazendo com que a trajetória entre A e B seja um pouco mais longa e o preço bem mais barato.
As semelhanças, no entanto, acabam por aí. A Moia não tem nada da atitude "não peça licenças, peça desculpas" que define a atitude da maioria dos apps de transporte, principalmente o Uber.
A entrada em Hamburgo, assim como teste beta nos últimos dois meses em Hanover, uma cidade de porte menor, com 500 mil habitantes, foi combinada com a prefeitura local e a empresa deve precificar o serviço para ter um custo superior ao transporte público.
Hamburgo, inclusive, está organizando uma feira sobre sistemas de transporte inteligente para 2021, no qual provavelmente a experiência da Moia figurará com destaque.
De maneira mais chamativa, a Moia será a dona da frota, dos postos de recarga e os motoristas serão funcionários próprios, eliminando o risco de problemas trabalhistas e o riscos de conduta inadequada por parte dos motoristas, dois fantasmas que tem assombrado o Uber.
O controle da Volkswagen sobre o serviço é tal que a empresa desenhou um carro específicamente para a tarefa.
"O conceito de car pooling não decolou até agora em boa parte por motivos psicológicos que tem que ver com o design do carro como um veículo individual", acredita Ole Harns, CEO da Moia.
Olhando desde fora, os carros da Moia parecem uma van mormal. Ao entrar, no entanto, é possível notar algumas diferenças, como um teto um pouco mais alto (seu correspondente mede um 1,8m) e um esforço de design por individualizar os seis lugares disponíveis com recostos especiais para a cabeça, por exemplo.
Iluminação individual, tomadas e wifi também estão disponíveis. Eventuais bagagens são depositadas em um compartimento ao lado do motorista e não na parte de trás, liberando mais espaço.
A equipe de Moia soma 100 pessoas entre a sede em Berlim e uma filial em Helsique produto da aquisição de uma startup local especializada em tecnologia para mapeamento e criação de rotas.
O sistema da Moia funciona com base em paradas de ônibus virtuais, distribuídas a cada 200 ou 250 metros dentro das cidades.
A Moia pretende entrar em outros países do mercado europeu até o final do ano que vem e nos Estados Unidos até 2025.
Como qualquer startup que se preze, a Moia (slogan: "social movement") tem a sua quota de metas grandiloquentes, como a de tirar um milhão de carros de circulação até 2025.
A empresa tem conseguido se mover com rapidez. Lançada no ano ado, já opera um beta com 20 vans em Hannover desde outubro. O novo veículo foi desenvolvido em apenas 10 meses, o que é um prazo curto no mundo da indústria automobilística.
Os problemas para a empresa e seu approach cauteloso devem se dar à medida em que a Moia queira crescer fora da Alemanha.
A indústria automobilística é um dos carros chefes da economia do país, mas com a perspectiva de carros autonômos cada vez mais real e liderada por gigantes de tecnologia como o Google, o cenário futuro é sombrio.
Durante sua apresentação no Tech Crunch Disrurpt, Harns afirmou que a Moia deve usar motoristas humanos "por muito tempo ainda" mas é claro que um projeto como esse pode servir para a Volkswagen para acumular dados e experiência para eventualmente lançar seus próprios carros sem motorista.
* Maurício Renner faz a cobertura do TechCruch Disrupt em Berlim em um projeto de conteúdo do Baguete com patrocínio da Wow.
A Wow Aceleradora conta com mais de 150 investidores e 45 startups investidas desde seu início, em 2013. Foi pioneira em criar um modelo para organizar pessoas físicas em grupos investimento, que fornecem capital financeiro e intelectual para as startups. Hoje é a maior aceleradora do país neste modelo. Para o investidor é uma forma segura e prática de entrar neste ecossistema; para o empreendedor, a garantia de receber, além do investimento, conhecimento e conexões.