
Thiago Maffra, CEO da XP.
A XP, maior corretora de valores do país, vai oferecer um curso de desenvolvimento de software web para 300 pessoas por meio da Trybe, uma startup em alta no segmento de formação de profissionais para a área de tecnologia.
O curso durará um ano, período ao longo do qual a XP oferece um “e financeiro necessário”.
Ao final do curso os participantes (ou as “pessoas estudantes da turma”, na linguagem neutra do comunicado das empresas) arão por um processo seletivo e poderão trabalhar na XP.
O processo seletivo envolve um desafio prático (para o qual a Trybe oferece o material de estudo), testes online de raciocínio e uma entrevista virtual, como já acontece normalmente em outras formações da startup.
No caso do programa com a XP, os interessados também terão de responder a um questionário online de “fit cultural” da XP.
A meta da XP é que a turma tenha pelo menos 30% de mulheres e 40% de pessoas pretas e pardas.
“Desde que criamos a diretoria ESG, assumimos o compromisso de buscar maior diversidade dentro da empresa e esse programa não poderia ficar de fora. Esse lançamento é o primeiro de vários outros cursos que a XP pretende realizar, buscando aumentar cada vez mais o impacto de nossas ações”, afirma Marta Pinheiro, diretora ESG da XP.
Diversos ou não, a XP vai precisar contratar muita gente para manter o ritmo dos últimos anos. A empresa deve saltar de 4,5 mil para 6 mil funcionários até o final do ano, a metade deles em posições relacionadas à área de tecnologia.
“Nossa necessidade em contar com profissionais de tecnologia é grande e só vai aumentar, além de acreditarmos que educação e desenvolvimento profissional fazem parte da estratégia da XP”, ressalta o CEO da XP, Thiago Maffra.
O próprio Maffra é da área de tecnologia. Antes de assumir o cargo de CEO, em março, o profissional era CTO da XP. Quando ele assumiu o cargo, em 2018, a equipe de tecnologia da corretora tinha só 150 profissionais.
Fundada em agosto de 2019, a Trybe é talvez a mais hypada entre as startups que atuam com formação de desenvolvedores de software dentro do modelo conhecido como Income Share Agreement (ISA). A Trybe prefere falar em modelo de sucesso compartilhado (MSC), que é a mesma coisa.
No sistema, o aluno faz o curso, mas tem a opção de pagar quando tiver encontrado um emprego acima de determinada faixa salarial, de R$ 3 mil no caso da Trybe.
Até julho deste ano, 92% das pessoas formadas pela escola estavam trabalhando em até 3 meses após a conclusão do curso. O segredo do sucesso é o grande número de interessados: mais de 120 mil pessoas já se inscreveram para estudar na Trybe.
Recentemente, a empresa recebeu um aporte R$ 42 milhões liderado pelo fundo Atlantico e composto por outros investidores, entre eles Canary, Global Founders Capital, e.Bricks, Maya e Norte.
Tudo isso para uma companhia fundada em agosto de 2019, com cerca de 2 mil estudantes nos seus cursos e a meta de chegar a 3 mil até o final de 2021.
Depois do aporte, a Trybe contratou Nelson Mattos, ex-IBM e Google, como conselheiro técnico e pedagógico sênior e comprou a concorrente Codenation.
A Trybe é uma empresa nova, mas liderada por nomes com algum histórico, com cinco sócios que fundaram em 2012 AppProva, outra startup educacional, essa focada em dados e avaliações.
Ela foi vendida para a Somos Educação em 2017, quando já tinha cinco milhões de estudantes na plataforma.