
Airship do Brasil conseguiu empréstimo de R$ 102,7 milhões do BNDES. Foto: Divulgação.
A Airship do Brasil, sociedade entre os Grupos Engevix e Transportes Bertolini, vai produzir dirigíveis de carga no município de São Carlos, no interior de São Paulo. O projeto consiste na instalação de uma unidade fabril de 20 mil metros quadrados, com investimento de cerca de R$ 200 milhões
A planta, que será edificada em um terreno de 49 hectares às margens da Rodovia Washington Luiz (SP-310), fabricará dirigíveis e outras soluções utilizando tecnologias mais leves que o ar (lighter than air - LTA).
A empresa conseguiu empréstimo de R$ 102,7 milhões do BNDES para o desenvolvimento dos veículos.
As aeronaves serão capazes de voar em uma altitude de 150 metros a uma velocidade de 120 km/h, transportando, inclusive, grandes peças, como parte de torres de alta tensão. A inauguração da unidade está prevista para 2016.
As obras para a construção da fábrica começam em outubro de 2014 e a previsão é que as operações se iniciem até o segundo semestre de 2016.
O interior de São Paulo é importante no desenvolvimento espacial e da aviação no Brasil. São José dos Campos possui um Parque Tecnológico voltado para o setor. Taubaté, Botucatu, Gavião Peixoto, Campinas e a própria São José dos Campos também possuem unidades da Embraer.
Os primeiros pedidos de dirigíveis da Airship do Brasil já foram feitos pela Eletronorte, que receberá os produtos em 2016. Eles serão usados para transporte de ageiros, equipamentos e torres de energia a áreas remotas da Amazônia.
A Airship irá produzir diversos tipos de dirigíves e aerostatos em São Carlos, que poderão ser entregues, principalmente, a empresas de logística e transporte espalhadas em todo o País.
Os dirigíveis são equipamentos que se adaptam ao transporte de grandes volumes e são ideais para a penetração em locais de difícil o, como plataformas do pré-sal ou áreas isoladas. Além disso, o produto pode ser utilizado como antenas móveis ou para otimizar a transmissão de informações.
O produto é abastecido com gás hélio não inflamável para a flutuação e diesel em quatro motores. Com os dirigíveis, uma viagem entre Manaus e Goiânia levaria 26 horas, enquanto o trajeto de caminhão pode demorar oito dias.
Os primeiros modelos produzidos poderão carregar até 54 toneladas em contêineres, o equivalente a dois caminhões, mas a ideia é que no futuro esse volume possa chegar a 500 toneladas.
A tripulação contará com quatro pessoas e a autonomia de voo pode variar de dois a seis meses sem reabastecimento. O material utilizado para o veículo é a fibra de carbono, o que o torna 80% mais leve que os dirigíveis que voavam durante a década de 1930.
No dia 6 de maio de 1937, o dirigível Hindenburg explodiu durante o pouso em New Jersey, nos Estados Unidos. O acidente matou 36 pessoas (haviam 97 a bordo). O desastre marcou o fim da era dos dirigíveis rígidos.
Mas, nos últimos anos, diversos projetos têm sido desenvolvidos envolvendo esse tipo de veículo.
Na Alemanha, o Deutsche Zeppelin-Reederei, sucessor da empresa que operava o Hindenburg, vem obtendo sucesso com uma nova geração de dirigíveis, que usa para transportar turistas e cargas científicas, relatou o Terra em 2008. A empresa transportou 12 mil ageiros em excursões turísticas pela Alemanha em 2007.
Nos Estados Unidos, um projeto para dirigível recebeu, em 2013, investimentos do governo para que o modelo voltasse a ser usado no transporte de carga e de ageiros no futuro. Desenvolvido por uma empresa privada, o dirigível recebeu financiamento equivalente a R$ 70 milhões da agência espacial americana e das forças armadas dos Estados Unidos.
Em março deste ano, Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, investiu US$ 450 mil na Hybrid Air Vehicles (HAV), empresa que promete criar uma espécie de dirigível 18 metros mais longo do que o Boeing 747.
Com base no Reino Unido, a HAV está desenvolvendo dois tipos de aeronave:
Uma delas é um protótipo de aeronave de longa resistência focada em comunicações, investigação geológica, pesquisa acadêmica, vigilância ou filmagens.
A outra é um avião de carga pesada para transportar 50 toneladas de equipamento. O HAV pode pousar na água, gelo e deserto, bem como superfícies mais tradicionais e pode ser útil para a mineração, petróleo, gás e como veículo de auxílio em desastres.