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Mark Zuckerberg é uma das estrelas do vídeo da Code.org.
A Locaweb e o centro de treinamento em programação Caelum lançaram o Ano do Código – Vem programar!, uma iniciativa destinada a atrair jovens para a área de tecnologia inspirada em similares americanos como Code.org.
Também apoiam a iniciativa o Grupo de Usuários Java, o centros de treinamento Alura, a consultoria Code Miner, a editora de livros Casa do Código e a Globo.com.
O processo nas duas iniciativas é similar. Os participantes serão introduzidos a conceitos básicos de programação por meio de blocos que simulam comandos por meio de um site. Em um nível mais avançado, os brasileiros terão contato com JavaScript.
“A primeira barreira do aprendizado será quebrada aqui, por conta do conteúdo totalmente gratuito”, ressalta Paulo Silveira, diretor da Caelum.
Apesar de bem intencionada, uma comparação rápida entre as duas campanhas mostra a dificuldade da missão de tentar tornar programação um interesse de massa por aqui. Afinal, estimativas apontam que há 200 mil vagas não preenchidas no Brasil por falta de profissionais.
O vídeo de divulgação do Ano do Código tem uma dezena de depoimentos, quase todos de programadores. Toda a iniciativa foi desenvolvida em três meses, segundo o material de divulgação.
Apesar de incluir alguns profissionais que estão fazendo carreira em gigantes americanos como Facebook, Google ou MIT, o vídeo não tem nenhuma figura de maior apelo popular.
A título de comparação, o vídeo de divulgação do Code.org tem depoimentos do presidente Barack Obama e de bilionários do setor de tecnologia como Bill Gates e Mark Zuckerberg, que se dispam inclusive a explicar comandos básicos em vídeos de divulgação.
O Code.org também tem sua dose de depoimentos visando agregar um pouco de “cool factor” a uma ocupação tradicionalmente estereotipada como coisa de nerds, incluindo aí o ator Ashton Kucher, o rapper Will.i.am e até Chris Bosh, um astro da NBA que programou no colégio.
Para terminar, o Code.org também vende a imagem de um estilo de vida no qual programadores trabalham de pés descalços em pufes, a poucos metros de distância de buffets de comida grátis e videgames.
Claro que os dois vídeos vem de contextos muito diferentes. O Code.org é uma ONG bancada por doações de gigantes como Amazon.com, Microsoft, Google, Juniper, SalesForce e Linkedin como parte de um esforço do setor de TI americano para eliminar o problema da falta da mão de obra.
Levantamentos indicam que as 10 maiores empresas de tecnologia, incluindo boa parte dos participantes do Code.org, gastaram US$ 61 milhões em lobistas para alavancar suas causas em Washington. Uma das principais é facilitar a imigração de profissionais de TI.
O Ano do Código carece desse tipo de apoio institucional, sendo respaldado em grande parte por empresas cujo negócio está atrelado a formação, ou que podem ver uma iniciativa do gênero em termos de marketing social.
Qualquer iniciativa de maior fôlego no Brasil teria que ar pela Brasscom. A entidade reúne 37 pesos pesados da TI no país, incluindo nomes como Accenture, IBM, Politec, Softtek, TCS, Capgemini, Totvs e Unicamp, organizações que pagam dezenas de milhares de reais em contribuições mensais.
O foco da Brasscom, no entanto, é outro. A entidade se concentra em promover o Brasil como exportador de tecnologia, e, mais recentemente, em reduzir a carga tributária sobre as empresas do setor.
Apesar de toda a conversa sobre falta de profissionais no país, o setor de TI brasileiro está longe de tentar atrair as massas, nos moldes do Code.org.