
Empresas pagam US$ 20 mil às funcionárias que queriam congelar seus óvulos. Foto: g stockstudio/Shutterstock.com
Duas gigantes do Vale do Silício estão oferecendo uma ajuda ousada para mulheres que querem permanecer mais tempo focadas na carreira sem perder a oportunidade de serem mães. Apple e Facebook pagam US$ 20 mil às funcionárias que queriam congelar seus óvulos.
O Facebook já começou a cobrir o congelamento de óvulos, e a Apple vai começar em janeiro, segundo a NBC News.
Quando bem-sucedido, o congelamento de óvulos permite que as mulheres possam esperar para ter filhos sem comprometer as chances de engravidar. Geralmente os custos pelo procedimento ficam em US$ 10 mil, mais US$ 500 ou mais por ano para o armazenamento.
De acordo dados do Centro para Controle e Prevenção de Doenças do governo americano, um terço dos casais em que a mulher tem 35 anos ou mais tem problemas de fertilidade.
A maioria das pacientes que congelou os óvulos relatou que se sentiu "fortalecida" com o processo, segundo uma pesquisa de 2013 publicada na revista Fertility and Sterility.
Essa é uma medida mais radical entre as tentativas das empresas de tecnologia para ampliar sua força de trabalho feminina, pois o setor de sofre de um desequilíbrio grave entre os sexos.
Enquanto as mulheres representam 57% da força de trabalho dos EUA em ocupações profissionais, elas ocupam apenas 26% dos cargos no campo da informática e da informação.
“As empresas de tecnologia desejam ser mais atraentes para as mulheres, pois elas representam mais da metade da força de trabalho do país. Não é de se estranhar que as mais inovadoras empresas estejam buscando maneiras que ajudarão diretamente a contratar mulheres talentosas”, afirma James Hayton, professor de gestão de Recursos Humanos da Universidade de Warwick.
Em agosto, a Apple disse que 70% de seus funcionários eram do sexo masculino e 30%, do sexo feminino. Em um memorando que anunciava as estatísticas de diversidade da empresa, o CEO da Apple, Tim Cook, disse não estar satisfeito com os números apresentados.
“Esses índices não são novos para nós, e estamos trabalhando duro há algum tempo para melhorá-los. Estamos progredindo e estamos empenhados em ser tão inovadores no avanço da diversidade como estamos no desenvolvimento de nossos produtos”, afirmou.
No Brasil, a discussão sobre a igualdade de gêneros nas empresas de TI ainda não é um assunto recorrente como acontece nos Estados Unidos.
De acordo com uma pesquisa feita pelo banco de currículos Apinfo, as mulheres correspondiam por 13% do mercado de TI no Brasil no ano ado. A força de trabalho feminina corresponde a 44% dos profissionais do país quando examinadas todas as áreas.
Muitos acreditam que o baixo número de mulheres na área de TI tem a ver com uma suposta inclinação masculina para as abstrações matemáticas, trabalho introversivo e competitivo da área de exatas.
Para o grupo Mulheres da Tecnologia (MNT), uma iniciativa online fundada em 2012, o problema tem muito mais a ver com maneira com a qual essa suposta superioridade masculina fomenta preconceitos e estereótipos que afugentam as mulheres do setor e fazem o progresso na carreira ser mais difícil para as que entram.
Ainda assim, há iniciativas para mudar esse cenário. A ThoughtWorks, multinacional de desenvolvimento de software com operações em Porto Alegre, São Paulo e Recife, divulgou, em maio, que pretende fechar o ano com 20% de mulheres na sua área técnica.
A meta representa um salto de cinco pontos percentuais sobre os 15% existentes hoje e mais um o na busca da meta global de ter uma equipe dividida meio a meio entre os sexos. A companhia tem 170 funcionários no Brasil. Em nível mundial, a ThoughtWorks tem 27% de funcionárias na área técnica.