
Henrique Rocha, diretor de Tecnologia da Informação do CGU. Foto: divulgação.
A Controladoria-Geral da União (CGU), órgão do Governo Federal responsável pela defesa do patrimônio público, transparência e combate à corrupção, já migrou 30 das suas principais aplicações para a nuvem da Amazon Web Services (AWS).
As principais delas são a Fala.BR, plataforma de ouvidoria e o à informação do Governo Federal, e o ePAD, sistema que organiza as informações dos procedimentos istrativos correcionais e gera peças para condução dos procedimentos disciplinares.
Também se destacam o Portal de Dados Abertos, o serviço de consulta via API do Portal da Transparência e o e-Agendas, sistema eletrônico de Agendas do Poder Executivo Federal.
Henrique Rocha, diretor de Tecnologia da Informação do CGU, conta que a jornada da instituição para a nuvem começou há cerca de três anos com um contrato licitado pelo então Ministério da Economia.
O desafio para a área de TI era entregar os produtos e serviços com eficiência e com desempenho para um público variado, já que as plataformas vão muito além do consumo exclusivo do órgão.
“Para ter uma ideia, parte dessas plataformas já transbordam o Poder Executivo Federal e chegam aos estados e municípios. O Fala.BR já está em mais de 2,5 mil unidades municipais e estaduais. Além disso, a gente tem o portal de transparência, que entrega informações diárias atualizadas diariamente para todos os cidadãos do Brasil e também do público do exterior”, explica Rocha.
Em 2020, o órgão começou a fase de imersão, criando um time de duas pessoas específico para lidar com a migração para nuvem e começou a capacitação com o apoio dos engenheiros da AWS.
“Manter essas pessoas dentro de casa para fazer essa transição é muito importante, tanto pela parte de liderar o processo de migração quanto para fazer a interlocução com os vários atores envolvidos, os atores técnicos, parte negocial, parte de tomada de decisão”, aconselha Rocha.
Na fase seguinte, iniciou-se o planejamento da migração, trabalhando na metodologia e definindo as arquiteturas e a estratégia de priorização das aplicações. Após adaptar o framework para a sua realidade, a CGU começou a migração propriamente dita, em ondas.
“A gente já está mais ou menos na metade dessa migração, mas provavelmente ainda vai levar muito tempo para se consolidar. Essas ondas se dão de forma incremental. Uma estratégia é, em cada onda, ir ampliando o rol de tecnologias utilizadas nos serviços utilizados dentro do portfólio da AWS”, conta Rocha.
As 30 aplicações já migradas fazem parte de um primeiro grande grupo do projeto, mas o órgão não detalhou qual é o número total de plataformas que fazem parte do roap.
Na primeira onda, a instituição usou recursos como Standard Edition Two (SE2) e Standard Edition Three (SE3), depois veio incorporando o algoritmo Exponential Smoothing (ETS) e o Elastic Kubernetes Service (EKS). Hoje, já tem outras tecnologias, como o OpenSearch.
“Pelo nosso modelo de licitação, o contrato inicial fica congelado no tempo. Rapidamente, você sente necessidade de avançar para as novidades, novas funcionalidades e novos serviços. Para isso, é preciso sempre atualizar o contrato, que é um eufemismo para dizer ‘fazer novas licitações’. É exatamente isso que estamos fazendo agora”, explica Rocha.
Segundo o diretor, a migração até agora já gerou melhoria do desempenho das aplicações, algumas rodando de forma 2,5 vezes mais rápida, algumas reduzindo a carga de dados pela metade do tempo.
“Hoje temos um ambiente com mais controles implementados na parte de segurança da informação, mais seguro em comparação com o que a gente chama de on premise, utilizando várias tecnologias que já estão disponíveis no catálogo de grandes provedores e da AWS também”, avalia.
Em relação aos custos, o diretor destaca que, no setor público, os benefícios vão além da conhecida questão de pagamento pelo uso.
“Uma coisa que todos na área pública estão acostumados é lidar com orçamento, contingenciamento, descontingenciamento, bloqueio, desbloqueio, limite financeiro, limite orçamentário. Então hoje a gente tem mais inteligência de custos para lidar com essas variações, essa dinâmica orçamentária e financeira que é natural do poder público”, explica.
O projeto da CGU foi um dos destaques do AWS Public Sector Symposium, evento para o setor público recentemente promovido pela empresa em Brasília.
No primeiro simpósio do tipo realizado na América Latina, a AWS também mostrou casos de clientes da saúde, como o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein, além da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do uso da nuvem nas eleições e no Datasus durante a pandemia.
Na companhia, os clientes considerados como setor público são: governos federais, estaduais e municipais; educação pública e privada; saúde; setor financeiro público; e Organizações Não Governamentais (ONGs).
A empresa não divulga o número de clientes na América Latina, apenas indicando que ele está na casa dos “milhares”. No mundo, são mais de 7,5 mil clientes governamentais e 90 mil clientes de educação e ONGs.
No mercado há 16 anos, a AWS tem mais de 200 serviços a partir de 99 zonas de disponibilidade em 31 regiões geográficas, com planos anunciados para mais 12 zonas de disponibilidade e mais quatro regiões no Canadá, Israel, Nova Zelândia e Tailândia.
*Luana Rosales participou do AWS Public Sector Symposium, em Brasília, a convite da AWS.