S/4 Hana é a grande aposta da SAP. Foto: divulgação/SAP.
Uma pesquisa feita pela DSAG, grupo de usuários da SAP na Alemanha, Áustria e Suíça equivalente à brasileira ASUG, trouxe notícias preocupantes para a multinacional alemã.
Segundo o relatório, apenas 6% dentre as 357 companhias pesquisadas já deram início a algum tipo de projeto envolvendo a nova suíte, lançada no começo do ano. Além disso, somente 4% adquiriram licenças.
Um grupo importante de executivos já se posicionou contra uma eventual migração: 37% disseram que não sentem que o S/4Hana fornece valor agregado que justificaria uma migração.
Por outro lado, a maioria ainda pode ser convencida: 11% afirmam que não tiraram tempo para se debruçar e avaliar a fundo a nova versão, enquanto 42% ainda estão recolhendo informações sobre o sistema.
As tendências indicadas pela DSAG são importantes. A entidade reúne 3 mil companhias e 55 mil membros registrados em países nos quais a SAP tem o domínio de mercado. A título de comparação, a ASUG exibe em seu site o nome de cerca de 350 associados.
O S/4 é a aposta definitiva dos alemães para entrar no mercado de banco de dados com a suíte de processamento em memória Hana.
Com o S/4, o ERP da SAP rodará exclusivamente sobre hardware Hana homologado pela própria companhia.
A migração está sendo conduzida módulo a módulo, com o primeiro deles sendo o SAP Simple Finance, uma solução setor para o setor financeiro.
A estratégia da companhia, posta em destaque em maio durante o SAP Sapphire 2015, é falar menos em ERP e mais e mais em Hana uma tecnologia ao redor da qual a multicional quer emplacar produtos adquiridos ao longo dos últimos anos como Ariba, Hybris, SuccessFactors e Concur.
A opinião dos líderes da DSAG, no entanto, mostra um pouco de ceticismo em relação a essas premissas.
“Funcionalidades vão decidir se um ERP é bem sucedido entre os consumidores. É a chave para projetos de digitalização. Hoje a SAP não provê o bastante dessas informações”, afirma o chairman da DSAG, Marco Lenck.
A posição da SAP de que o potencial do S/4 só pode ser entregue rodando em Hana também não sentou bem com os integrantes da DSAG que tem suas infraestruturas de TI baseadas em produtos da IBM, Oracle e outros. Existe temos sobre colocar sistemas e hardware nas mãos de um só fornecedor.
“Alternativas devem ser permitidas sem perder funções e performance. Isso requer standarts e abertura de especificações, para que outros fabricantes de bancos de dados possam ter a oportunidades de serem usados no contexto da SAP”, afirma Hans-Achim Quitmann, head de tecnologia da entidade.
A base de usuários da SAP terá muito tempo para pressionar por mudanças nesse sentido. O S/4 significa reescrever para Hana todos os módulos do ERP da SAP, um processo que está apenas começando. O e a outros bancos de dados é prometido até 2025.
Não existe uma pesquisa similar à DSAG feita no Brasil, mas uma conversa com gestores de TI de grandes empresas clientes da SAP no país mostra um panorama similar, agravado pelo fato de que uma parte importante da base foi incorporada nos últimos anos e ainda está obtendo o retorno desses investimentos.
Até agora, a SAP divulgou poucos cases de S/4 Hana no país: Grupo Bom Jesus, Diagnósticos da América S.A (Dasa) e IRB, todas empresas com faturamentos bilionários e o Ceitec, uma estatal federal de fabricação de chips.
Só um cliente de menor porte, a recapadora de pneus gaúcha Hoff, dona de um faturamento de R$ 200 milhões fez um investimento do tipo.
Segundo a reportagem do Baguete pode averiguar com fontes de mercado, a SAP está fazendo um esforço comercial para promover o novo software, concedendo descontos agressivos.
Os valores praticados teriam inclusive estimulado algumas empresas a fazer migrações só no papel, pagando o licenciamento do S/4 mesmo enquanto ainda usam o R/3.