
Marius Haas, da Dell. Foto: flickr.com/photos/dellphotos
Dell e Oracle anunciaram um acordo através do qual as empresas começarão a vender no segundo semestre um pacote combinando os servidores da primeira com os softwares empresariais da segunda funcionando de maneira otimizada.
A novidade foi divulgada nesta terça-feira, 04, durante o primeiro dia do Dell Enterprise Forum, realizado em San José, nos Estados Unidos.
“O que nós estamos anunciando é uma extensão da nossa estratégia de engineered systems, com a qual visamos reduzir os custos de TI entregando hardware e software juntos”, afirmou o co-presidente da Oracle, Mark Hurd, em um depoimento gravado em vídeo exibido aos participantes do evento.
Ambas as empesas são parcerias há duas décadas. A Dell já revendia o banco de dados da Oracle para os seus clientes, mas agora poderá oferecer nos seus servidores x86 os softwares Linux, VM e enterprise manager da Oracle, customizados especificamente para suas máquinas.
“Nós vamos trabalhar juntos agressivamente para trazer grandes soluções para os clientes”, prometeu Marius Haas, presidente de Enterprise Solutions da Dell.
O acordo, do qual não foram revelados maiores detalhes, não deixa de ser surpreendente. A estratégia de “engineered systems” da Oracle, é resultado da compra da Sun, um negócio de US$ 7,5 bilhões fechado em 2010.
Porque a Oracle debilitaria seu próprio posicionamento favorecendo uma empresa com a qual em tese compete? Para Cheryl Cook, VP de Enterprise Solutions da Dell, a espaço para competição e colaboração, a famosa coopetição.
“Há espaços onde se pode competir e outros onde pode haver parceria, como por exemplo no segmento de médias empresas no qual a Dell tem muita entrada”, analisa Cheryl.
Teorias sobre a coopetição à parte, o fato é que o negócio de hardware da Oracle não é tudo isso. As vendas foram de US$ 671 milhões no trimestre encerrado em fevereiro, uma queda de 23% frente aos resultados do mesmo período do ano anterior e um valor modesto comparado com os US$ 2,3 bilhões oriundo de licenças de software e serviços cloud, nos quais a queda foi de apenas 2%.
Além de significar pouco risco, o aprofundamento da aliança entre Dell e Oracle também tem o velho atrativo do conceito de o inimigo do meu inimigo é meu amigo, sendo o inimigo no caso a HP, empresa da qual o próprio Hurd saiu uma situação complicada em 2010.
Haas e Hurd trabalharam juntos na HP, onde o executivo era responsável pela área de networking e considerado um candidato a um dia substituir Hurd no cargo de CEO.
Com a saída de Hurd, Haas foi para o mercado de private equity, onde foi buscado pela Dell para assumir toda a área de hardware para data centers, incluindo servidores, storage e redes.
Além disso, Oracle e HP estão envolvidas numa disputa judicial na qual a HP pede uma indenização de US$ 4 bilhões pela decisão da Oracle não atualizar mais os seus softwares para os chips Itanium da Intel, no qual alguns servidores da HP estão baseados.
Para a Dell, em um momento complicado com a queda de venda de PCs e notebooks e mais recentemente a disputa em torno do fechamento do capital, o acordo é uma boa notícia na área de servidores, onde a empresa busca desbancar a HP da segunda posição.
No primeiro trimestre do ano, a empresa foi a única a crescer seu faturamento nesse mercado, chegando a US$ 2,1 bilhões, alta de 14,4%. A participação ou de 14,9% para 18%.
A IBM teve receita de US$ 3 bilhões, queda de 13,6%, mas manteve a liderança, com uma participação de 25,5%.
Já a HP vendeu 580,5 mil servidores, um aumento de 15,2% face ao primeiro trimestre de 2012, mas teve uma queda em termos de receita quase do tamanho da IBM, com queda foi de 14,4%.
A empresa se manteve no segundo lugar, com um market share de 25%.
As vendas mundiais de servidores caíram 0,7% no primeiro trimestre em volume de unidades e também em receita, com queda de 5%, atingindo US$ 11,8 bilhões.
* Maurício Renner cobre o Dell Enterprise Forum em San José à convite da Dell.