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HT Micron capta R$ 99 milhões no BNDES 2v4y6s

Estrela da política de semicondutores petista volta para a ribalta. 266l5l

28 de março de 2023 - 07:54
Dilma Rousseff, durante a inauguração da HT Micron em 2014. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma Rousseff, durante a inauguração da HT Micron em 2014. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A HT Micron, fábrica de semicondutores para dispositivos móveis em São Leopoldo, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, acaba de captar um empréstimo de R$ 99 milhões junto ao BNDES.

O financiamento liberado equivale a 94% dos R$ 105 milhões de investimento que a companhia sul-coreana fará na planta, focado em modernizar o tipo de chip de armazenamento fabricado no local.

Uma nova linha deve produzir chips menores, que melhoram as possibilidades de design para fabricantes de celulares e tablets em coisas como o 5G ou Wi-Fi 6.

Esse novo tipo de chip, chamado de uM no jargão da área de microeletrônica, só era produzido no país pela operação local da Smart, uma multinacional americana com planta em São Paulo.

O valor é significativo. Entre a abertura no Brasil e a inauguração da fábrica, em 2014, a HT Micron investiu  R$ 110 milhões, com a promessa de um aporte de mais R$ 260 milhões nos anos seguintes.

Não se sabe quando a HT Micron pediu o financiamento para o BNDES, mas pelo menos o timing da concessão do crédito, já em um novo governo Lula, despertará uma sensação de Déjà-vu em alguns leitores.

A HT Micron foi uma das estrelas da política industrial dos governos petistas para a área de semicondutores, com direito à presença da então presidente Dilma Rousseff na inauguração da fábrica.

Em um discurso memorável (bom, pelo menos esse repórter lembra dele), Rousseff disse que a HT seria o o inicial para um “Vale do Sulício”. 

Trocadilhos infames à parte, o fato é que as expectativas na época eram muito altas: se falava em atingir uma capacidade 360 milhões de chips por ano no auge da produção, gerando cerca de 800 empregos diretos em até quatro anos. 

A produção equivaleria a cerca de 25% da demanda nacional por estes produtos na época, um mercado que movimentava cerca de US$ 25 bilhões no país.

Com isso, a HT se tornaria um case de sucesso da política industrial dos governos petistas, que tinha no fomento do setor de semicondutores no país um dos seus pontos chave.

Outras iniciativas, como o Ceitec, também focada em chips, também datam dessa época, assim como discussões de investimentos bilionários da Foxxconn no país ou uma possível empreitada de Eike Batista no setor. 

Como se sabe, o rumo das coisas não foi bem esse. No caso da HT Micron, as coisas tomaram outra direção já a partir de 2015, com os problemas econômicos no país e um racha entre o lado coreano e o brasileiro dentro da empresa.

A HT Micron foi fundada em 2009 como uma t venture entre a coreana Hana Micron e o Grupo Parit, que tinha por trás grandes nomes do setor de automação gaúcho como Altus e Teikon. 

Em uma entrevista para a Rádio Gaúcha em 2020, o presidente da Teikon, Ricardo Felizzola, abriu o jogo sobre as dificuldades de relacionamento.

As divergências levaram que o lado coreano comprasse o controle do negócio em 2017, tirando Felizzola do cargo de CEO. Assumiu o coreano Chris Ryu, um executivo experiente na indústria de chips sul coreana. 

Em 2020, a Teikon, fornecedora de insumos para a indústria de PCs gaúcha, deixou o espaço que tinha dentro da fábrica da HT Micron. De acordo com Felizzola, a Teikon foi “convidada a se retirar da fábrica pela HT”.

Não se sabe o tamanho atual da HT Micron. Em 2019, a empresa afirmou que projetava um crescimento de 50% para o ano, atingindo R$ 600 milhões. 

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