
Rally Fighter, o primeiro carro da Local Motors.
É possível aplicar conceitos como código aberto, desenvolvimento ágil e crowdsourcing na indústria automobilística?
John Rogers, o CEO da Local Motors, uma empresa americana que já colocou no mercado um carro desenvolvido de forma colaborativa, além de criar sob encomenda veículos tão diferentes como um jipe militar e uma bicicleta motorizada, garante que sim.
“A indústria automobilística ainda não ou por um momento disruptivo ao longo da sua história. Empresas como a nossa vão fazer isso”, afirma Rogers, com a autoconfiança que se espera de um ex-capitão dos Marines que voltou do Iraque em 2008 para fundar a empresa.
A Local Motors iniciou as operações com um aporte de capital de US$ 7 milhões de um grupo de 40 investidores e fechou o ano ado com um faturamento de US$ 2 milhões e 30 funcionários.
O site que recebe as colaborações de projetos conta hoje com 30 mil participantes, entre engenheiros, designer e fanáticos por carros, que participam enviando seus designs para as propostas da Local Motors, além de criar e vender seus próprios produtos.
A companhia, cujo case foi apresentado durante o Solid Edge Univerisity em Nashville nesta terça-feira, 12, já colocou um carro no mercado.
O Rally Fighter é um veículo esportivo que sai por US$ 50 mil. Parte da diversão para os compradores é montar o carro em uma mini-fábrica que a empresa mantém em Phoenix no Arizona.
Outra fonte de receita é o desenvolvimento dentro da comunidade de projetos sob encomenda, como um novo blindado para o exército americano ou uma bicicleta motorizada desmontável pedida por uma empresa sa.
“Nós conseguimos colocar um produto no mercado em um terço do tempo e por 1% do custo normal de desenvolvimento da indústria automobilística”, afirma Rogers, destacando que a lógica é a mesma do desenvolvimento ágil de software, baseado em entregas em prazos curtos e revisões constantes.
Assim como costuma acontecer em projetos de software open source, todas as peças e produtos da Local Motors são licenciadas em formato aberto, sob as regras do Creative Commons.
A Local Motors remunera os participantes dos projetos com prêmios estabelecidos antes do início dos projetos e também gera receita com comissões cobradas sobre as vendas de peças criadas dentro da comunidade.
Outra fonte de caixa é a venda de licenças de softwares de CAD. A companhia tem um acordo com a Siemens PLM pelo qual uma versão básica do SolidEdge pode ser alugada por US$ 19,90 mensais, um valor muito abaixo do custo de propriedade da solução, cuja versão completa custa milhares de dólares.
“A Siemens viu a possibilidade de atingir um novo tipo de usuário, fora do universo corporativo”, avalia o CEO da Local Motors, que estima o público potencial do site em até 30 milhões de pessoas em todo mundo.
Expansão mundial, aliás, está nos planos da empresa, que negocia a abertura de mini-fábricas – a planta de Phoenix, onde os usuários podem montar seus carros, saiu por US$ 130 mil – com empresas e governos em 30 países, afirma Rogers.