
Micro Focus pode ter ficado complicada demais. Foto: Pixabay.
Chris Hsu, CEO da companhia britânica de soluções para área de software Micro Focus, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira, 19.
O executivo veio da HPE, empresa da qual a Micro Focus comprou os ativos relacionados a software em setembro de 2016 e um negócio de US$ 2,5 bilhões.
Ao que parece, a integração não está dando bons resultados: a saída de Hsu acontece depois da empresa indicar que espera uma queda de faturamento de até 9% para o ano fiscal 2018, mais do que a cifra entre 2 e 4% prevista antes.
A piora nos indicadores foi justificada pela Micro Focus por fatores como os problemas da implantação de um novo sistema de tecnologia que tiveram impactos na eficiência no time de vendas e relações com parceiros.
Além disso, a empresa está sofrendo perda na base de clientes e no time de vendas oriundo da HPE, cujos acionistas detém 50,1% da nova Micro Focus formada após a fusão.
Talvez os problemas da Micro Focus sejam maiores do que a integração com a área de software da HPE.
A Micro Focus foi fundada ainda nos anos 70, como uma empresa focada em desenvolvimento Cobol.
Ao longo dos últimos anos, a empresa vem buscando diversificar, mas parece ter se tornado uma espécie de abrigo para todo tipo de tecnologias sem lar.
A estratégia começou em 2009, com a compra da Borland, uma desenvolvedora de soluções de desenvolvimento de aplicações.
Em 2013, foi a vez das linhas de produto Orbix, Orbacus e Artix da Progress, outra companhia focada em desenvolvimento que tentou diversificar seu porfólio e decidiu dar marcha atrás.
Já em 2014, foi a vez da da Attachmate, desenvolvedora de soluções para integração de aplicativos, por aproximadamente US$ 1,2 bilhão.
No balaio, entrou a a Novell, uma empresa adquirida por US$ 2,2 bilhões apenas quatro anos antes pela Attachmate.
A maior tacada até agora foi a área de software da HPE, cujo principal ativo eram os produtos de análise de dados não estruturados da Autonomy, uma companhia britânica que a então HP comprou por US$ 11 bilhões em 2011.
Hoje, o consenso é que a HP pagou demais e nunca conseguiu integrar a oferta direito no seu portfólio, um problema que talvez tenha sido herdado pela Micro Focus.