
Oi calcula contas, mas pagar, só em outubro. Foto: Flickr.com/photostream/
A Oi não vai pagar nenhum de seus fornecedores em setembro. O motivo, alegado em carta distribuída pela operadora, é a migração para uma nova versão do SAP.
De acordo com o comunicado, a empresa “está se preparando para a entrada de uma nova versão do SAP/R3 (ECC-6)” e “para que os processos sejam adequados e sistemas parametrizados com qualidade”, a Oi “não realizará pagamentos aos seus fornecedores durante o mês de Setembro”.
Ainda segundo o material, obtido inicialmente pelo Estado de São Paulo e depois também enviado à redação do Baguete pela assessoria da Oi, as contratações, emissões de requisições e pedidos de compra, e recebimentos de Notas Fiscais seguem os fluxos e prazos normais, mas os pagamentos só serão realizados no dia 10 de outubro.
A partir disso, arão a ser feitos sempre no dia 10 de cada mês, ou no próximo dia útil.
Recentemente, a Oi ou por uma reestruturação societária, reduzindo o número de empresas do grupo.
Na estrutura anterior, uma versão do ERP SAP rodava na BrT, outra na Oi. Este mês, as duas versões foram consolidadas em uma, padronizada.
O atraso dos pagamentos em função da mudança de sistema preocupa a Abinee.
Em carta enviada ao presidente da Oi, Francisco Valim, a entidade argumenta que a decisão da operadora coloca em risco a saúde financeira dos fornecedores e que o estabelecimento dos p agamentos para o dia 10 de cada mês seja feita de forma escalonada, evitando prejuízo a compromissos pré-agendados.
A preocupação da Abinee se justifica em que muitos dos fornecedores da Oi, mesmo grandes companhias, dependem do pagamento da operadora para quitar seus próprios compromissos.
De acordo com informações do Estadão, só um dos fornecedores tem a receber em torno de R$ 160 milhões da Oi em setembro.
Uma fonte da indústria ouvida pelo jornal e que preferiu não se identificar analisa a decisão da operadora como uma manobra para garantir um caixa “mais polpudo" no mês em que a empresa fecha o balanço do terceiro trimestre.
Na quarta, as ações preferenciais da Oi fecharam em queda de 1,18%, a R$ 7,56, e as ordinárias caíram 0,56%, fechando em R$ 8,90.
DE NOVO?
O ERP da SAP também foi apontado como “o culpado” em outra ocasião: em maio deste ano, a Fras-Le, fabricante de produtos para freios do grupo gaúcho Randon, divulgou seus resultados e mencionou o software alemão oito vezes no balanço, sempre como vilão.
No material, a Fras-Le aponta que “inconsistências” do ERP contribuíram para a queda anual de 54,7% no lucro líquido, que ficou em R$ 4,7 milhões no primeiro trimestre de 2012.
O documento não menciona nomes, mas é sabido que a Randon iniciou em 2010 um projeto de implementação do SAP em todas as empresas do grupo. Na Fras-le, o sistema tirou de cena de uma solução da Datasul.
Na divulgação de resultados do primeiro trimestre, a Fras-Le informou que sua equipe trabalhou ao longo de todo o trimestre em solucionar problemas no ERP, conseguindo estabilizar o software em fevereiro.