
Alexandre Duarte, senior director, consulting and training services Latin America na Red Hat.
Um dos principais componentes para o desenvolvimento sustentável das empresas – independente de seu tamanho ou setor de atuação – é a gestão.
Líderes em todas as áreas e níveis precisam estar bem preparados e manter uma postura aberta para identificar as melhores estratégias, garantir processos eficientes e entregas que superem as expectativas dos clientes.
Para isso, também têm o desafio diário de estimular e engajar seus liderados. Cabe aos gestores criar em cada colaborador o sentimento de pertencimento, ajudando as pessoas a encontrarem um propósito mútuo entre o que a empresa espera e o que elas buscam em suas carreiras profissionais.
Os líderes ou gestores funcionam como a espinha dorsal de uma organização. Por isso, a sobrevivência das empresas está diretamente conectada à sua capacidade de desenvolver líderes de qualidade, além de oferecer produtos e serviços de excelência.
Essa é uma questão central e perene nas companhias. Segundo a pesquisa Global Human Capital Trends 2019, da consultoria Deloitte, 80% dos entrevistados disseram que os líderes do século XXI enfrentam requisitos únicos e sem precedentes.
Esses gestores precisam de novas competências críticas – incluindo liderar através da mudança, abraçando ambiguidades e incertezas, e compreendendo o novo universo digital, cognitivo, comandando por novas tecnologias.
Outro levantamento, realizado pelo Grupo Empreenda, mostrou que 71% das empresas alegam não ter líderes suficientes, em quantidade e qualidade, para garantir sua execução estratégica nos próximos anos.
O estudo mostra também que as companhias não acreditam que seus modelos de gestão estejam adequados: 27% das organizações afirmam que é necessário reinventar o modelo atual e mais de 70% dizem necessitar, ao menos, fazer algum ajuste.
Gestão aberta: uma luz no fim do túnel
Desde o nascimento da tecnologia, uma de suas principais premissas foi a disrupção. Buscar formas inovadoras e fazer diferente. O famoso pensar fora da caixa.
Com a sua evolução, também se descobriu que o melhor caminho para atender a essas necessidades estava em um trabalho conjunto e colaborativo, que permitia crescer de forma muito mais ágil e consistente.
Ideias que levaram ao surgimento do open source, um movimento tecnológico de criação de software de código aberto que funciona de forma descentralizada e colaborativa.
Aos poucos esses conceitos foram tomando forma e deixaram de ser uma particularidade apenas do universo da TI e das comunidades de desenvolvimento de software de código aberto.
Invadiram o mercado e o mundo dos negócios e expandiram-se saindo dos computadores diretamente para o dia a dia corporativo e para a gestão de pessoas.
Uma comunidade de mais de 1300 colaboradores, gerentes e líderes sêniores de diversas áreas e regiões desenvolveu em conjunto o que ficou conhecido como Open Management Practices, ou práticas de gerenciamento aberto, em tradução literal.
Uma coletânea de características e habilidades que precisam ser observadas para identificar e criar líderes, esclarecendo o importante papel que eles têm em todos os níveis e em todas as fases das companhias.
O gerenciamento aberto concentra-se em seis pilares que buscam capacitar os colaboradores por meio do exemplo, ouvindo e respondendo às suas ideias, questões, modos de pensar e abordagens.
Neste conceito, a porta do líder ou gestor está sempre aberta às demais pessoas. Embora ele ainda esteja no comando, ele "não estabelece a lei". Em vez disso, toma decisões com base em uma consideração cuidadosa de suas próprias ideias e das de outras pessoas.
Estamos falando de gerenciamento participativo, no qual cada integrante do time assume um papel mais ativo nos negócios.
A cada vez que essas práticas são empregadas dentro da empresa, temos um novo catalisador delas. Isso faz com que se crie organicamente uma cultura aberta e poderosa que perpetua por todos os setores e processos da companhia.
Os conceitos da gestão aberta e colaborativa am a permear desde as funções mais simples até as entregas e contatos com os clientes. Transformam a maneira de encarar o trabalho e de fazer negócios trazendo, comprovadamente, uma série de benefícios para a organização.
Um tripé positivo
Bons líderes geram uma equipe de colaboradores satisfeitos, o que acaba impactando, invariavelmente, nos resultados. Os open leaders têm o benefício de sempre aprender e conseguem incitar em seus colaboradores essa mesma vontade.
Além disso, sabem reconhecer e recompensar suas equipes, investindo constantemente no desenvolvimento pessoal e profissional de cada colaborador.
Oferecem clareza sobre as funções, direcionamento e incentivo contínuos, propiciando liberdade e autonomia para que cada um faça seu melhor trabalho.
Um open leader também gere sempre pela transparência, explicando como uma decisão foi moldada por meio de um direto e construtivo. A equipe, geralmente, acaba inspirada pela abordagem do gestor e a segue de maneira voluntária e leal, mesmo quando os negócios enfrentam dificuldades.
A gestão aberta quebra barreiras e a próxima fronteira na evolução das relações de trabalho, pautadas pela confiança e pela construção de um ambiente saudável e de respeito mútuo.
Somente por meio das práticas de gerenciamento aberto é que as companhias vão conseguir equilibrar de maneira inteligente a equação que envolve recursos, pessoas e faturamento, abrindo espaço para a inovação e fazendo com que a empresa se desenvolva de maneira mais rápida, eficaz e sustentável.
*Por Alexandre Duarte, senior director, consulting and training services Latin America na Red Hat.