
O gerente de TI da Perini, Gustavo Ravanello, avalia os recursos agregados pela rastreabilidade completa aos rótulos da PeriniFoto: Gilmar Gomes / Texto Sul
A vinícola Perini, de Farroupilha, investiu R$ 700 mil em um sistema para rastreabilidade completa de seus vinhos.
A tecnologia foi desenvolvida pela Totvs RS – no início do projeto, ainda pela divisão Datasul – em parceria com o gerente de TI da Perini, Gustavo Ravanello, e o enólogo Leandro Santini.
O software garante o monitoramento e controle de todas as etapas da elaboração da bebida: desde a videira até a distribuição no mercado varejista.
“Tudo a por um rígido acompanhamento dos enólogos, técnicos e gestores da cantina”, destaca o diretor-presidente da empresa gaúcha, Benildo Perini.
Pioneirismo
O software de rastreabilidade utilizado na vinícola é pioneiro no mercado brasileiro, segundo Ravanello.
“Posso garantir que o único sistema de rastreabilidade completa em funcionamento hoje no Brasil é o nosso”, assegura o gerente de TI.
Tudo, tudo, tudo!
Conforme ele, a ferramenta permite ver de quais vinhedos e produtores tal uva veio até a vinícola, que adubos e tratamentos fitossanitários fora usados no cultivo da fruta e todos os os do processo de vinificação e industrialização da mesma.
As trocas de tanques, a mistura de variedades, o tempo de amadurecimento em tanques de inox ou em barricas de carvalho, a rotulagem e o encaminhamento para os pontos de venda também são possíveis de rastrear com a solução desenvolvida junto à Totvs.
“Um só vinho pode ter até 16 mil linhas de informações, iniciando nos vinhedos, ando pela elaboração e envase e chegando até os PDVs do Brasil e exterior”, comenta Ravanello. “Os códigos numerados das garrafas são a garantia para o consumidor de que registramos e controlamos toda a história daquele produto”, acrescenta.
Safra tecnológica
A solução, que começou a ser implantada no segundo semestre de 2009, entrou em funcionamento na safra 2010, junto com o sistema antigo, que era manual.
“Com o sistema aprimorado e personalizado, quando o consumidor adquirir qualquer rótulo resultante dos 13,2 milhões de quilos de uvas recebidos nesta safra, terá muito mais segurança no que adquirir”, garante o presidente.
Tal “segurança” vem, por exemplo, da possibilidade de controle sobre quesitos dos mais básicos na produção do vinho, como a poda da uva, segundo detalha Santini.
“Podemos descobrir que um sistema de poda diferenciado resulta em um vinho melhor, por exemplo, ou, ainda, realizar experimentos com plantio de uvas em microrregiões”, ressalta o enólogo.
Qual a uva certa?
Ainda segundo o especialista, também é possível estabelecer com precisão os critérios para definir qual a uva certa para fabricação de um vinho de base ou um reserva, seguindo o modelo de outros países produtores que têm regras definidas para estas classificações.
“Isso sem contar que podemos identificar problemas com mais facilidade durante a fabricação”, acrescenta Santini.
O RG do vinho
Para o especialista, a rastreabilidade confere não só agilidade, mas também mais transparência à vinícola, tanto na elaboração de vinhos, quanto de outros produtos, como espumantes e suco de uva.
“Com esta tecnologia, para o consumidor o lote do vinho a a ser muito mais do que um número na embalagem: é a identidade dele, agora registrada de forma muito mais detalhada e precisa”, completa o enólogo.
TI encorpada
A adoção do sistema de rastreabilidade não é o único projeto recente da TI da Perini.
O gerente de TI da casa, aliás, é categórico em afirmar que “a Perini é a vinícola que mais investiu em TI nos últimos anos no Brasil”.
Ele não dá números, mas para comprovar sua afirmação cita, por exemplo, a aposta da companhia no e-commerce, com a renovação de seu website, este ano, agregando loja virtual.
Um brinde à mobilidade!
Outro projeto está em vias de implantação: nos próximos meses, a meta é disponibilizar o sistema de rastreabilidade da vinícola em palm tops.
Para o gerente de Marketing da empresa, Pablo Perini, o último o a ser dado para que nada, mas nada mesmo, escape mais ao faro dos especialistas da companhia.
“Nossos técnicos e enólogos poderão, de sua casa ou de qualquer outro lugar, saber, em tempo real, o que está acontecendo em um tanque de fermentação”, exemplifica.
Entre as cinco maiores
A Vinícola Perini conta com 92 hectares de vinhedos, sendo 80 deles em Farroupilha e outros 12 em vinhedos localizados na cidade vizinha de Garibaldi.
A capacidade da companhia, que em 2005 adquiriu a vinícola garibaldense De Lantier, unidade da Bacardi – Martini Brasil, fica em cerca de 16 milhões de litros, atualmente.
Com isso, segundo dados do site da empresa, a Perini é uma das cinco maiores de seu setor no Brasil em volume produzido.
Mais 20%
A empresa projeta, para este ano, um crescimento global em torno de 20%.
Em 2010, a expansão foi de 23,5% sobre a receita de 2009, puxada pelas vendas de suco de uva, espumantes e vinhos finos.
Só com os sucos, a alta nas vendas foi de 40% com as marcas Jota Pe e Perini.
Já a comercialização de espumantes dos rótulos Perini e Casa Perini somaram 30% do aumento de 2010.
Nos vinhos, o incremento foi de 20,7%, com a linha de vinhos finos Jota Pe, e de 11% com a linha Casa Perini.
Vinho harmoniza com Totvs
A Perini não é a única vinícola gaúcha a apostar em Totvs.
Em março deste ano, a Salton, de Bento Gonçalves, divulgou estar preparando a migração do ERP TotalData para o Totvs Protheus.
A empresa, que fechou 2010 com faturamento de R$ 238 milhões, tem no investimento em TI uma das bases para alcançar o crescimento de 15% que projeta para 2011.
A Salton usa um ERP há mais de 20 anos, mas, conforme o coordenador de TI, Flávio Giusti, a ferramenta não acompanha mais as demandas da vinícola.
“Nosso foco é elaborar nossos produtos. Não fazemos TI. Precisamos de um sistema que antecipe nossas necessidades e as atenda”, afirmou Giusti, em março, em entrevista ao Baguete.
Como exemplo de demanda não atendida, o coordenador de TI citou a falta de integração com a loja virtual da Salton e de recursos de SPED e NF-e.
Segundo dados da Totvs-RS, a implantação na vinícola de Bento deve iniciar no segundo semestre deste ano, com previsão de entrada em funcionamento em 2012.
Mais rastreabilidade no foco
Outra ferramenta do antigo fornecedor que a Salton utiliza é um sistema de controle e gerenciamento do recebimento de uvas.
Hoje, quando um produtor chega à vinícola com sua nota fiscal, a solução identifica, por código de barras, de que caminhão e de que fornecedor veio o material, além de indicar dados de pesagem e qualidade das uvas, entre outros.
O sistema, porém, não será integrado ao novo ERP e, conforme Giusti, a Totvs estuda o desenvolvimento de recursos similares.
Outro investimento em tecnologia a ser feito pela companhia - que, segundo o gestor de TI, é líder na venda de espumantes no mercado brasileiro pelo quinto ano consecutivo - é a renovação do parque de servidores, para ar os novos sistemas.