AVIAÇÃO

Quedas da Boeing: a culpa é do software? 11y1s

Empresa vai atualizar código dos novos aviões. Acidentes causaram mais de 300 vítimas. 5n4t4t

12 de março de 2019 - 15:14
Se um sistema um avião falha, ageiros podem morrer. Foto: Pixabay.

Se um sistema um avião falha, ageiros podem morrer. Foto: Pixabay.

A Boeing vai lançar updates no software dos seus aviões da linha 737 Max, depois de que dois acidentes com aeronaves da nova família de produtos da gigante de aviação ocorridos em menos de seis meses.

De acordo com nota da Boeing, as alterações serão lançadas até o final de abril e envolvem os sistemas de controle de voo, os displays para os pilotos, os manuais de operação e o treinamento de pessoal.

O primeiro acidente com um 737 Max aconteceu em outubro na Indonésia, quando a Boeing afirma que começou a trabalhar nos updates de software. Esse domingo, 10, um novo desastre ocorreu na Etiópia.

Em ambos os casos, os aviões caíram momentos depois da decolagem sem deixar sobreviventes. 

As coincidências dispararam um alarme na indústria de aviação mundial, com as autoridades aéreas da China, Austrália, Indonésia e Reino Unido ordenando que os aviões esse tipo fiquem no solo até as causas das quedas serem apuradas.

No Brasil, só a Gol já comprou os novos aviões, lançados há dois anos. A empresa decidiu deixar as sete aeronaves no solo.

Segundo as investigações do acidente na Indonésia, os pilotos tiveram problemas uma nova feature dos aviões, chamada de Maneuvering Characteristics Augmentation System (MCAS).

Sites especializados em aviação explicam que a mesma foi introduzida para possibilitar o uso de motores maiores e mais econômicos, o que causou algumas alterações na estrutura das aeronaves que deveriam ser corrigidas com o MCAS, um sistema de voo automatizado.

O sistema, no entanto, pode ter funcionado erroneamente e sem conhecimento dos pilotos, levando os aviões a mergulharem diretamente no chão, sem que os pilotos tenham conseguido assumir os comandos. 

De acordo com o presidente da associação de pilotos da Southwest Airlines, a maior compradora da nova linha da Boeing nos Estados Unidos, os pilotos não só não sabiam, como a informação sobre o novo sistema também não estava presente nos manuais.

A Boeing já avisou as companhias aéreas para treinar os pilotos em como desligar o sistema, afirma o Engadget. Na nota de hoje, a empresa diz que sempre foi possível desligar o mesmo.

A indústria da aeronáutica é pioneira no uso de sistemas de piloto automático desde os anos 30. Hoje um avião é um projeto complexo que envolve a interação de partes mecânicas, elétricas e de software. 

Um 787, por exemplo, gera 5 mil parâmetros de dados só sobre os motores, e as empresas já estão trabalhando com inteligência artificial para interpretar os dados.

A indústria é inclusive a origem de alguns dos maiores players do mercado de sistemas de design informatizado de equipamentos, conhecidos pela sigla CAD e gestão de ciclo de produto, os chamados PLMs. Cada vez mais, gestão de código de software faz parte desse mundo.

Como em outras indústrias, as empresas de aviação enfrentam falta de mão de obra, e alguns observadores apontam que automação crescente pode ser a resposta. Os aviões dos anos 50 precisavam de três ou quatro pessoas na cabine, um trabalho feito hoje por duas pessoas.

É um clichê repetido em círculos de tecnologia que os aviões hoje poderiam muito bem se pilotar sozinhos por meio dos seus fantásticos sistemas informatizados, o que só não acontece por que um público ignorante precisa ser tranquilizado pela presença de pilotos na cabine (pilotos afirmam que isso é um mito).

Uma crítica até certo ponto pertinente desse tipo de raciocínio veio de, vejam só, o presidente americano Donald Trump, que decidiu falar sobre o tema Boeing no Twitter.

“Aviões se estão tornando complexos demais para voar. Pilotos não são mais necessários, mas cientistas do MIT”, fulminou Trump. “Eu vejo isso todo o tempo em muitos produtos. Sempre procurando ir um o desnecessário adiante, quando muitas vezes o velho e simples é bem melhor”.

Trump conclui dizendo que “complexidade cria perigo” e que muitas vezes isso oferece “muito custo e muito pouco benefício”. “Eu não sei vocês, mas eu não quero um Albert Einstein como piloto. Eu quero grandes profissionais com permissão para tomar o controle de um avião de forma fácil e rápida!”.

Claro existe uma grande dose de saudosismo sem propósito nas afirmações do presidente americano, assim como da sua assentada desconfiança de tudo relacionado à ciência, à técnica, e, algumas vezes, à própria ideia de verdade.

Seja como for, os problemas enfrentados pela Boeing, um player de ponta em uma das indústrias mais avançadas quando o assunto é segurança, servem como um alerta para entusiastas da automação, em um momento em carros autônomos já são um participante frequente de previsões de cenários tecnológicos no curto prazo.

É um lembrete de que com grandes poderes, vem também grandes responsabilidades, e que se no mundo da aviação ou dos automóveis os sistemas falham, pessoas morrem.

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