
Décio Krakauer.
A Ramo, companhia que é a maior parceira da SAP no Brasil para oferta do software de gestão para pequenas e médias Business One lançou uma nova modalidade de compra do ERP, com o preço equivalente a um carro popular.
O chamado SAP Business One Small Biz oferece a implantação da solução rodando na nuvem em até 12 parcelas de R$ 2.450, o que totaliza pouco menos R$ 29,4 mil, mais ou menos o preço do carro mais barato da Renault, o Kwid, na versão mais “pelada”.
Depois, o custo fica em R$ 1,550 pela implantação para até três usuários, sendo um profissional e dois limitados. O preço cobre licenças, hospedagem na AWS e manutenção SAP.
Para chegar esses valores, a implantação tem parametrização completa na fábrica da Ramo, focando em padronização e escopo fechado, com consultoria de campo focada no acompanhamento inicial da operação, com recursos de vídeos e EAD.
“O modelo foi feito para atingir novos clientes e menores do que o B1 atendia anteriormente, e que possa escalar e atender regiões, parceiros e clientes que sonhavam em ter essa solução e não podiam”, resume Décio Krakauer, presidente da Ramo Sistemas.
A Ramo já entregou projetos de B1 em 750 clientes, cerca da metade deles através de uma rede de 170 parceiros espalhadas pelo país. Com essa nova oferta, a ideia é vender 100 implantações até o final do ano.
A oferta da Ramo vem no embalo de um reposicionamento do preço do B1 feito SAP em abril.
A multinacional colocou o B1 por R$ 250 mensais por usuário para empresas com até 25 usuários.
O preço da SAP, no entanto, não inclui hospedagem, o que torna a solução da Ramo mais competitiva em implantações de poucos usuários.
O anúncio da SAP foi chamativo porque nunca antes a companhia havia sido tão explícita em torno de valores.
A mudança de postura é provavelmente uma reação ao fato de que o mercado brasileiro está inundado no momento de softwares de gestão na nuvem, a maioria deles por preços mais competitivos do que o B1.
O fator "grife" que a SAP disfruta na ponta da pirâmide não migra tão bem para a parte de baixo.
O resultado disso é que, apesar de estar no mercado brasileiro desde 2005, o Business One tem uma base de 6 mil clientes, o que seria respeitável para um player local, mas é pouco para o esforço da SAP até agora e frente ao potencial do mercado.
O estudo anual da FGV sobre o mercado de ERP mostra bem a situação. Na pirâmide, entre empresas com até 170 usuários de ERP, a Totvs tem 50% do mercado, contra 12% da SAP.
No topo, onde estão as instalações com mais de 700 usuários, é a SAP que tem 51%, frente a 22% da concorrente brasileira.
Ao longo dos anos, a SAP tentou diferentes abordagens para atingir a massa de clientes potenciais, tentando convencer parceiros tradicionais a abrirem braços focados em B1 e até considerando a criação de um modelo através de distribuidoras.
No final das contas, o que aconteceu foi que a paulista Ramo Sistemas consolidou uma posição como uma distribuidora de fato do B1 no Brasil.
A empresa faturou R$ 36,5 milhões no ano ado, um crescimento de 17% frente ao registrado em 2016.
Com o resultado, a empresa voltou a acelerar o ritmo, depois de crescer 3% em 2016, mas ainda está distante do resultado de 2015, quando a cifra foi 29%. A meta para 2018 é ficar na faixa dos 20%.
Em 2017, a Ramo investiu R$ 1,5 milhão na abertura de 12 unidades de negócios para aumento da capilaridade.