
Marcelo Nichele. Foto: divulgação.
Chegou a hora. Depois de anos de planos e especulações, o parque tecnológico de Caxias do Sul deve sair do papel. A cidade terá o TecnoUCS, empreendimento encabeçado pela universidade local, prefeitura da cidade e Câmara de Industria, Comércio e Serviços, assim como o apoio do Governo do Estado e do Trino Polo.
Sediado em uma área de 18 hectares dentro da universidade, o parque está em fase de captação de recursos para o início de sua primeira fase, que envolve a construção do prédio inicial, chamado de Espaço Inovação 1.
O local, de aproximadamente mil metros quadrados, servirá como espaço para a gestão do parque e também para abrigar as operações das primeiras companhias a se instalarem no local.
Além disso, a prefeitura caxiense iniciou o processo de desapropriação de uma área vizinha à universidade, que pode aumentar a extensão do parque para 28 hectares, preparando a segunda fase do empreendimento, com a chegada de empresas maiores.
No entanto, segundo estima a instituição, o terreno só deve ser agregado ao parque no final de 2014.
De acordo com o professor Marcelo Nichele, Coordenador de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da universidade, a UCS está inscrita em três editais públicos para levantar investimentos.
"Planejamos diferentes cenários, de acordo com o valor que conseguirmos levantar nestes editais. A ideia é já ligar as máquinas no primeiro trimestre de 2014”, explica o coordenador, que não abriu detalhes dos valores envolvidos em cada uma das diferentes situações.
Localizada a 128 quilômetros de Porto Alegre, Caxias do Sul tem o 3º maior PIB do estado, maior do que de cidades que já contam com parques tecnológicos, como Novo Hamburgo (Valetec) e São Leopoldo (Tecnosinos).
Embora o parque ainda não tenha sido lançado oficialmente, Nichele garante que diversas empresas já manifestaram interesse em ocupar o TecnoUCS, de olho no potencial da universidade, considerada a 14ª instituição de maior experimentação inovadora do país, segundo o Datafolha.
Em entrevista ao Baguete, o professor não citou nomes das empresas interessadas, mas afirmou que cerca de 12 companhias - locais, nacionais e multinacionais - estão em conversas com a universidade.
Em sintonia com o trabalho desenvolvido pela pesquisa da UCS e com as demandas da região, o parque terá três frentes de atuação: Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), Tecnologias Automotivas Pesadas e Biotecnologia.
Na parte de tecnologias automotivas, a mira está no desenvolvimento de tecnologias embarcadas para servir às fabricantes de veículos pesados e componentes sediadas na região, como Marcopolo e Randon.
"A região tem uma produção de 36 mil carros e 365 mil implementos rodoviários ao ano, mas ainda são importadas muitas tecnologias. É uma área em que podemos crescer muito, e na UCS já temos pesquisas na área de metal mecânica e plásticos para veículos", destaca Nichele.
Quanto à biotecnologia, o coordenador destaca o segmento como uma das principais áreas de pesquisa da UCS, e o empreendimento servirá para trazer empresas interessadas nesta expertise da universidade em P&D.
Para ele, o terceiro vértice de atuação, o de TI, acompanha uma demanda já antiga da região onde estão instaladas diversas empresas com atuação na área de sistemas de gestão como Totvs, Focco, N&L e Procad. No entanto, o objetivo com o TecnoUCS é ir além dos ERPs.
"Estamos atendendo uma demanda do setor, que deseja diversificar seus produtos. Além dos sistemas de gestão, outras aplicações como softwares voltados também à manufatura e agricultura também estão em pauta", afirmou Nichele.