
Furo no sistema de segurança permitiu desvio. Foto: Pexels.
Uma fragilidade no sistema do C6 Bank teria permitido que usuários mal intencionados fizessem um desvio fraudulento de R$ 23 milhões.
É o que revela uma matéria da Veja. De acordo com a revista, a fraude é investigada pela Polícia Civil de São Paulo.
A polícia quer descobrir se o golpe tem por trás alguma organização criminosa ou foi cometida por clientes normais da fintech.
Pelo menos 5 mil contas teriam se aproveitado de uma brecha em uma aplicação de CDB, a maioria delas com titulares residentes em municípios da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, o que, para a polícia, é um indício que a fraude pode ter sido orquestrada.
Apesar disso, a investigação não rejeita a possibilidade de a falha ter sido fruto de uma troca de informações, pois os desvios foram realizados em contas correntes existentes e em celulares únicos.
O CDB Crédito faz parte dos investimentos de renda fixa do C6 Bank, com valor de aplicação mínimo de R$ 100 e máximo de R$ 10 mil.
Ao aplicar um valor no produto, o cliente tem a mesma quantia revertida em limite de cartão de crédito.
Enquanto o correntista usa o cartão, o C6 Bank bloqueia a movimentação do investimento até o pagamento.
Aí estaria o ponto fraco da coisa toda: com a brecha de segurança, foi possível usar o valor total do limite e, ao mesmo tempo, fazer o resgate da aplicação antes do banco bloquear a quantia.
O C6 Bank não se posicionou publicamente até agora sobre o problema.
A fase da fintech não parece boa. Ainda em março, foi divulgado que o C6 Bank teve cerca de R$ 50 milhões desviados, em maio de 2021, dentro de um esquema de rachadinha.
A fraude seria liderada por uma funcionária de uma empresa terceirizada responsável pelo relacionamento entre o banco e 200 clientes, usando o limite do cheque especial.
Os problemas, que no final das contas indicam fragilidades de controles internos, são chamativos porque a C6 não é qualquer fintech, mas uma das estrelas do cenário brasileiro de bancos digitais, com nomes de peso por trás.
Lançado em 2019, o C6 foi fundado por ex-sócios do BTG Pactual e alcançou a marca de 1 milhão de clientes nos primeiros seis meses de operação. Hoje, o número já chegaria a 14 milhões entre pessoas físicas, MEIs e PMEs.
O portfólio da empresa conta com mais de 20 produtos, incluindo serviços financeiros básicos gratuitos, como conta corrente, cartões de crédito e débito, transferências e saques, tags de pedágio e conta internacional para dólar ou euro.
Em junho de 2021, uma participação de 40% na fintech foi vendida para a JPMorgan Chase, americana líder mundial em serviços financeiros e terceira maior empresa do mundo.