
Quântico vai meter ela mesma a mão na massa. Foto: Pexels.
A Quântico, uma nova empresa de data center gaúcha, vai investir R$ 350 milhões ao longo dos próximos 10 anos na construção de uma estrutura com 19 mil m² de área no parque de inovação de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.
O foco do negócio será em serviços de hospedagem de infraestrutura de terceiros, conhecidos no mercado como colocation. A empresa não tem intenção de entrar no concorrido mercado de computação em nuvem com infraestrutura própria.
Ao todo, serão oferecidos cerca de 4,5 mil metros de piso para instalação de servidores e outros equipamentos em quatro prédios diferentes, a serem construídos de maneira gradual, chegando a uma capacidade total de 2.376 racks.
O primeiro prédio deve entrar em operação já no início de 2021, com um investimento total de R$ 35 milhões no primeiro ano. Cada prédio terá 2,4 MW de carga de TI (adaptável até 6MW).
A estrutura terá certificação Tier 3, em projeto, construção e operação, uma combinação que a Quântico afirma ser rara no mercado. O Rio Grande do Sul só tem um data center Tier 3.
O que a Quântico pretende oferecer está bastante claro. Quem está por trás da empresa, um pouco menos.
A empresa tem três sócios, mas só abre o nome de um nesse momento: Gustavo Dal Molin, que também é diretor de operações da companhia.
Dal Molin é formado em Engenharia Elétrica pela UFRGS e em Engenharia de Controle e Automação pela PUC-RS, em dois cursos realizados simultaneamente, nos quais o profissional se formou em 2018.
A Quântico é a primeira experiência de Dal Molin em um cargo de gestão. Até o final de 2018, ele era estagiário na área de engenharia da Altus.
Ao todo, a Quântico tem quatro funcionários com perfil no Linkedin.
Além de Dal Molin, também estão listados Vanessa Resmini, como diretora de operações; João Benhur Branco Müller, como gerente financeiro; e Renata Debus, como engenheira de automação.
Os três tem um perfil similar: formação em instituições de prestígio, inclusive fora do país, e agem por programas de trainee em grandes organizações, como Gerdau, Bosch e outras.
Os sócios cujos nomes não estão sendo divulgados são um investidor e o CEO.
Dal Molin é filho de Aquiles Dal Molin Junior, diretor da Engenhosul, uma construtora com diversos projetos na área industrial, incluindo a HT Micron, t venture de chips instalada em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre.
De acordo com Gustavo Dal Molin, a Engenhosul não tem envolvimento com a obra ou é investidora do projeto. De qualquer forma, Aquiles Dal Molin é um empresário conhecido e envolvido desde o final dos anos 90 no Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul, de onde podem ter surgido os investidores.
A empresa já está fazendo apresentações para clientes, onde certamente os nomes dos outros dois sócios estão sendo mencionados. Em um mercado do tamanho do Rio Grande do Sul, é uma questão de semanas para que a informação seja de conhecimento geral.
A Quântico vai construir ela mesma a parte de engenharia civil do data center, subcontratando serviços como instalação de ar condicionado, piso frio e outros aspectos específicos de um centro de dados.
A decisão é chamativa, uma vez que a grande maioria dos empreendimentos do gênero contrata fornecedores como Aceco para construir, se dedicando depois a operar a estrutura.
“Nós temos na nossa equipe profissionais de engenharia civil, elétrica e de automação, uma combinação que não é comum em outras empresas da área, cujo perfil é mais de tecnologia. Podemos reduzir os custos em 30% fazendo a obra diretamente”, garante Dal Molin.
Dal Molin tem planos ambiciosos para a Quântico, de olho em empresas que visam fazer um colocation para seu backup e disaster recovery, além de organizações cujos centros de dados não atendem os requisitos da LGPD, por exemplo.
“A LGPD tem uma série de requisitos a nível de controle de o e segurança que tornam um data center pequeno inviável para muitas empresas”, assegura o COO.
Até agora, a Quântico teve os terrenos no parque de inovação cedidos pela prefeitura de Canoas, que tem uma lei pela qual esse tipo de transferência é possível se o valor do investimento previsto supera o valor da área em no mínimo duas vezes.
Os recursos financeiros para a obra devem ser buscados junto a bancos, mas, segundo Dal Molin, o empreendimento está confirmado. Só na obra, são estimados 200 postos de trabalho.
As expectativas em Canoas são altas em relação ao investimento. A divulgação do projeto veio da prefeitura da cidade. O prefeito, Luiz Carlos Busato, deu declarações para lá de empolgadas à Zero Hora.
“É a empresa de maior porte e maior potencial de crescimento direto e indireto da história do município. Será a nossa GM”, disse o prefeito à ZH, fazendo uma analogia ao impacto que a instalação da montadora General Motors levou para Gravataí, município vizinho na região metropolitana de Porto Alegre.