ESCOLHAS

E agora Linx: Totvs ou Stone? 2j5w61

Stone fez oferta, Totvs fez contra oferta e Rede é cogitada em boatos. 2z5c3t

17 de agosto de 2020 - 04:38
Tome a pílula branca e você é adquirido pela Stone. Tome a pílula amarela e quem compra é a Totvs. Foto: Pexels.

Tome a pílula branca e você é adquirido pela Stone. Tome a pílula amarela e quem compra é a Totvs. Foto: Pexels.

A Linx, maior empresa de software de gestão para o segmento de varejo do país, se tornou centro de uma disputa sem precedentes no mercado de tecnologia do país, envolvendo a Stone, a Totvs, e, correndo por fora, a Rede.

O primeiro o público da disputa foi da Stone, que na terça-feira, 11, anunciou uma oferta de R$ 6,04 bilhões, 90% em dinheiro, 10% em ações.

O negócio foi saudado por analistas como uma convergência de suas operações com sinergias óbvias. 

Nesta sexta-feira, 14, a Totvs veio a público com uma nova oferta, de R$ 6,1 bilhões, em dinheiro e ações, resultando numa nova Totvs no qual os atuais acionistas da Linx teriam 24%.

Correndo por fora, está a Rede, que, de acordo com executivos ouvidos pela Exame, estaria preparando sua própria proposta. Pelo tamanho da Rede, ela teria o potencial de abrir um verdadeiro leilão.

Ao anunciar sua oferta ao conjunto de acionistas da Linx, a Totvs revelou que estava em conversas com a direção da empresa, e que elas foram interrompidas unilateralmente antes do anúncio da venda para Stone.

De acordo com a Totvs, havia ficado acertado entre as companhias que a Totvs apresentaria sua proposta formal após a divulgação do balanço da Linx, que estava previsto para a noite de segunda-feira, dia 10. O balanço não saiu. Na terça, a Stone fez sua oferta.

Nesta segunda-feira, 17, a Linx reagiu a essa versão, afirmando que quando da aprovação da proposta da Stone "não havia qualquer expectativa ou elemento concreto a respeito de uma eventual proposta da Totvs".

Segundo a Linx, entre 31 de julho e 4 de agosto, a Totvs informou que qualquer proposta sua ainda estava em "estudos preliminares" e "demoraria semanas", e que a Totvs não voltou a procurar a empresa.

"Não há qualquer acordo vigente de confidencialidade que permita o compartilhamento de informações entre a Companhia e a Totvs, tipicamente a primeira etapa necessária para a discussão de uma operação de combinação de negócios", afirma a Linx.

Independente da guerra de versões, a Totvs fez agora o que se chama de uma oferta agressiva, no qual uma empresa tenta comprar a outra sem um acordo prévio com o conselho da companhia alvo.

A negociação se parece em momentos com um triângulo amoroso: segundo apurou o Neofeed, a Stone teria sondado a Totvs para uma compra, antes de desistir e abrir uma negociação com a Linx, empresa na qual vê mais possibilidades de sinergia.

A história é muito mais complicada do que um simples quem dá mais, envolvendo também uma escolha do futuro modelo de negócios da Linx, acusações sobre a lisura do processo e até relacionamento entre o comando da Linx e da Totvs.

Entre a oferta da Stone e a da Totvs a Fama Investimentos, dona de 3% das ações da Linx, veio a público para protestar contra o que considera como uma conduta antiética dos três sócios fundadores da Linx.

Alberto Menache, Nércio Fernandes e Alon Dayan, os três fundadores da Linx, vão levar sozinhos uma bolada de R$ 1,2 bilhão pela venda na proposta da Stone. 

A cifra é R$ 400 milhões maior do que dariam direito os 14% de ações detidas pelo trio, porque os empresários estão sendo pagos pela Stone também por meio de salários e as chamadas cláusula de non-compete, que os impedem de ir trabalhar na concorrência.

De acordo com a Fama, os valores extra recebidos pelos três sócios em relação aos acionistas normais (35% a mais no caso de Fernandes e Dayan, 63% no caso de Menache) são contra a chamada regra do tag along prevista para as ações listadas no Novo Mercado.

Esse princípio garante que todos os acionistas precisam receber o mesmo valor numa venda da empresa. A gestora sugere que os acordos são “estratagemas criativos” desenhados para driblar a regra do jogo.

A oferta da Totvs, por outro lado, é explícita em afirmar que o mesmo valor será pago a todos os acionistas.

Em sua nota, a Totvs frisa que sua oferta é a que “melhor atende ao interesse do conjunto de acionistas da Linx, sem conflitos de interesses, benefícios particulares ou assimetria de tratamento”.

De acordo com a Exame, acionistas da Linx já discutem se as cláusulas assinadas com a Stone não seriam ilegais, uma vez que pela Lei das Sociedades por Ações, es estão comprometidos em defender o melhor interesse da Linx e de seus acionistas.

Um complicador adicional é que  53% das ações da Linx estão em circulação na bolsa, com investidores individuais. 

Além dos sócios e da Fama, os outros grandes acionistas são a GIC, fundo soberano de Cingapura, com 10% e o fundo de investimento americano Genesis Asset Managers, com 5,4%. 

Para fechar a confusão, estão as relações complicadas entre Totvs e Linx. O atual presidente da Totvs, Dennis Herszkowicz, é ex-executivo da Linx, onde era CFO. 

Herszkowicz foi contratado em novembro de 2018 e, de acordo com a Exame, a saída para a concorrente deixou um mal estar não curado entre ele e Alberto Menache, presidente da Linx. 

Quem vinha conduzindo a negociação com Menache era Laércio Cosentino, o fundador da Totvs. Cosentino já conduziu grandes aquisições e não está acostumado a levar uma porta na cara.

Mais além da discussão sobre os benefícios aos sócios fundadores da Linx, ou às relações entre Linx e Totvs, existem outras grandes diferenças entre as ofertas da Stone e da Totvs.

Analistas ouvidos pela Exame apontam que a venda para a Stone teria mais “sentido estratégico”, uma vez que a nova empresa terá uma operação vertical, com negócios em software e pagamentos, formando uma oferta conjunta mais competitiva.

Por outro lado, o acionista receberá basicamente dinheiro agora (cerca de 30% acima do valor de mercado da Linx antes da oferta) e não participa tanto desse crescimento futuro.

Já na operação da Totvs, o acionista da Linx tem a chance de ser sócio dos benefícios da união das empresas, ainda que receba menos dinheiro em um primeiro momento. 

A diferença no caso é que seria uma fusão mais clássica, solidificando a presença da Totvs como líder no mercado brasileiro de sistemas de gestão com uma vertical de varejo, segmento que não é o forte da empresa.

A combinação de Totvs e Linx criaria uma empresa com faturamento de R$ 3,2 bilhões, a maior da América Latina na área de software as a service, segundo apresentação da Totvs, justificando a combinação dos negócios (provavelmente, a Totvs já é hoje a maior em SaaS na América Latina, mas tudo bem).

A expectativa é, que após o lance da Totvs ter se tornado público, a Stone venha a defender sua oferta com um aumento na proposta. No meio tempo, as ações da Linx se valorizaram acima do lance da Stone.

Até a segunda-feira, o valor de mercado da Linx era de R$ 3,8 bilhões. 

Trata-se de uma disputa sem precedentes quando o assunto são empresas de tecnologia no Brasil, e um dos maiores negócios do mercado brasileiro de ações em geral. Agora mesmo o jogo está aberto.

Leia mais 6z23s

FORTUNA

Linx: fundadores levam R$ 1,2 bilhão 1n4g1z

Há 1744 dias
PAGAMENTOS

Stone paga R$ 6 bilhões pela Linx ow4y

Há 1746 dias
BRIGA

IBM quer impedir Kede de ir para Microsoft 1x1c4p

Há 1790 dias
JOGADA

Senior entra na onda fintech 1r3966

RESULTADO

Linx entra no vermelho 562x48

RESULTADOS

Totvs fecha trimestre com alta de 6,7% 1x4t2r

PIVOTOU

Omie: corte e virada de rumo 6e1p3m

MEDIDAS

Linx corta vales de quem está em home office e4f4z

MERCADO

Linx prepara investidores para perdas 685b66