
Camille Faria (Foto: Divulgação)
Camille Faria, atual CFO da TIM Brasil, vai assumir o mesmo cargo na Americanas, varejista envolvida em um rolo contábil monumental que resultou numa dívida de R$ 40 bilhões. A nova CFO deixa a TIM no dia 31 de janeiro.
Faria foi a CFO da Oi durante o processo de recuperação judicial da Oi, entre 2019 e 2021, quando trocou de operadora.
De acordo com o Brazil Journal, que sabe dessas coisas, Faria foi na Oi uma das figuras chave na renegociação de “um dos mais complexos planos de recuperação judicial da história corporativa brasileira”.
A Oi originalmente tinha dívidas de cerca de R$ 60 bilhões.
A possibilidade de recuperação judicial está na mesa. A Americanas obteve uma liminar que a protege por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas, prazo que a varejista poderá usar para obter um acordo com credores ou pedir uma recuperação judicial.
Faria também tem experiência no mercado financeiro com agens como diretora no Morgan Stanley, Bradesco BBI e Bank of America, acumulando prática pelo lado dos credores de dívidas também.
A nova CFO fará parte de um time de comando parcialmente renovado, depois que o CEO e o antigo CFO da Americanas, que não tinham nem duas semanas de casa, abandonaram o barco quando a bomba das “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões estourou.
João Guerra, um profissional de carreira da Americanas com grande background em TI, foi o encarregado de assumir interinamente o cargo de CEO desde então (corroborando a tese de que no final das contas, as bombas sempre estouram na TI).
O problema de Guerra e Faria é que a situação nas Americanas pode ser mais complicada do que ajeitar a casa e renegociar dívidas.
A varejista usou bancos para financiar suas compras com fornecedores ao longo de anos, sem colocar o custo dessas operações devidamente nos balanços.
Ainda não está claro se é um caso de “contabilidade agressiva”, ou se as decisões têm implicações criminais.
Alguns creedores, como o BTG Pactual, partiram para a ofensiva, acusando Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, principais acionistas da Americanas e ícones do capitalismo brasileiro, de terem tido má-fé na gestão da Americanas e na relação com a instituição financeira.
Segundo uma avaliação do Brazil Journal, o futuro da Americanas a muito por quanto dinheiro o trio está disposto a queimar para salvar a sua reputação.