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Foto: divulgação.
A Americanas realizou um pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira, 19, para renegociar uma dívida que já chega a R$ 43 bilhões, pouco mais de uma semana depois do escândalo da inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em seu balanço, descoberta pelo ex-CEO Sérgio Rial.
A solicitação é consequência da tentativa malsucedida de negociação com seus bancos credores, entre eles BTG Pactual, Bradesco, Safra e Banco do Brasil, segundo a CNN Brasil.
As instituições financeiras exigiram que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, controladores da varejista, injetassem entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões para salvar o negócio.
Os empresários, entretanto, alegaram que só poderiam disponibilizar R$ 6 bilhões juntamente à conversão da dívida em ações por parte dos bancos.
Ao longo de anos, os empréstimos foram usados pela varejista para financiar compras com fornecedores, sem colocar os custos das operações devidamente nos balanços.
O BTG Pactual chegou a acusar o trio de controladores da Americanas de má-fé na gestão da companhia e na relação com a instituição financeira.
De acordo com documentos fornecidos pela própria varejista à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os empresários venderam R$ 241 milhões em ações entre julho e outubro do ano ado.
Por meio do processo de recuperação, a gigante do varejo busca manter suas atividades, bem como os empregos dos funcionários, enquanto resolve suas pendências financeiras que envolvem cerca de 16,3 mil credores, além de colaboradores e fornecedores.
Em seguida, a Americanas terá de apresentar um plano de recuperação de negócios. O prazo entre o pedido de recuperação e a homologação do planejamento é de 60 dias, conforme o g1.
BTG PACTUAL NÃO FAZ PARTE
A CNN revelou ainda que o BTG Pactual, um dos mais afetados pelo rombo, foi o único credor omitido na solicitação judicial após obter uma liminar na Justiça.
Na última quarta-feira, 18, o banco conquistou judicialmente o direito de bloquear R$ 1,2 bilhão pago à instituição e disputado pelas Americanas.
Agora, os advogados da varejista trabalham para derrubar a liminar do BTG a fim de incluí-lo no pedido de recuperação.
A carta na manga da instituição financeira anula a liminar concedida à Americanas para a proteção dos ativos de credores e da execução de dívidas, no último dia 12.
Na ocasião, a 4º Vara Empresarial do Rio de Janeiro determinou que a varejista teria 30 dias corridos para solicitar recuperação judicial.
Atualmente, a Americanas possui apenas R$ 800 milhões em caixa, em oposição aos R$ 8,6 bilhões registrados no terceiro trimestre de 2022.
Em um comunicado à imprensa, a varejista garantiu que manterá as operações funcionando normalmente com base nas exigências da recuperação judicial.
Para isso, Lemann, Telles e Sicupira pretendem manter a liquidez da rede de lojas em níveis que possibilitem o funcionamento das unidades.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
Essa semana, a Americanas decidiu recorrer às habilidades de Camille Faria, ex-CFO da TIM Brasil, que assumiu a mesma posição na varejista no final de janeiro.
Faria foi a CFO da Oi durante seu processo de recuperação judicial, entre 2019 e 2021.
De acordo com o Brazil Journal, a executiva foi uma das figuras-chave na renegociação da Oi em um dos “mais complexos planos de recuperação judicial da história corporativa brasileira”, que envolvia uma dívida de cerca de R$ 60 bilhões.
A nova CFO fará parte de um time de comando parcialmente renovado, depois que o CEO e o antigo CFO da Americanas, que não tinham nem duas semanas de casa, abandonaram o barco quando o escândalo estourou.
João Guerra, um profissional de carreira da Americanas com grande background em TI, foi o encarregado de assumir interinamente o cargo de CEO desde então.