
Onde é que está este data center mesmo? Foto: Depositphotos.
A AWS vai investir € 7,8 bilhões até 2040 para construir uma região de nuvem autônoma focada em atender apenas a clientes na União Européia.
O data center ficará no estado alemão de Brandemburgo e deve estar disponível até o final de 2025.
O objetivo é atender clientes de governo e de outras indústrias com regulações muito exigentes sobre localização de dados.
A estrutura está sendo chamada de European Sovereign Cloud e será operada apenas por funcionários locais, sem conexão com as outras oito regiões de nuvem da AWS disponíveis na Europa, incluindo uma outra na Alemanha, em Frankfurt.
A promessa é que será possível manter todos os dados na European Sovereign Cloud, incluindo também dados de clientes e os metadados como permissões, perfis e configurações de uso.
O lançamento da European Sovereign Cloud visa manter a gigante como um fornecedor viável para os governos da região.
Faz tempo que a União Europeia demonstra insatisfação com o fato de todos os players relevantes de computação em nuvem serem sediados nos Estados Unidos.
As tentativas de criar uma alternativa local, por outro lado, não foram especialmente bem sucedidas até agora.
Em nota, a AWS parece entrar em um exercício de quadratura do círculo para explicar a necessidade de algo como a European Sovereign Cloud.
Isso porque as diferentes 33 zonas de nuvem da AWS pelo mundo (São Paulo é uma delas) são vendidas como uma solução para os problemas de localização de dados dos clientes. A AWS fala em “sovereign-by-design”.
O European Sovereign Cloud seria então “uma alternativa a mais”. Isso certamente faz sentido dentro da lógica interna da AWS e pode ser secundado pela empresa em uma discussão técnica.
Por outro lado, a lógica interna e os argumentos técnicos da AWS não são tudo em um debate sobre um país X, digamos o Brasil, deve colocar dados do governo em uma nuvem pública da empresa.
Recentemente, o Serpro, a maior estatal de tecnologia do Brasil, anunciou a criacao da “Nuvem de Governo”.
De acordo com o Serpro, a solução transforma o Brasil “na única nação com nuvem 100% soberana no hemisfério Sul”.
Ainda de acordo com o Serpro, os dados serão mantidos “integralmente dentro das fronteiras do país”, nos data centers da estatal, o que elimina “riscos associados à transferência internacional de dados” e assegura “total conformidade com as regulamentações nacionais”.
A decisão do Serpro marca um afastamento do governo federal de grandes provedores de nuvem como AWS, Google e Microsoft, que desde 2018 vinham ganhando espaço na istração pública.
O argumento, como se pode ver, é a falta de garantias sobre “soberania de dados”.
Agora, os defensores desse argumento no governo podem apontar para o fato da União Europeia ter uma nuvem exclusiva da AWS como uma confirmação da sua tese.