
O PIB do Brasil ficou em 21º lugar em ranking produzido por agência de classificação de risco que analisou 50 países. Foto: Paula Fróes/GOVBA.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar nesta quarta-feira, 3, que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020 foi o pior já registrado série histórica, iniciada em 1996, com queda de 4,1% em relação a 2019, somando R$ 7,4 trilhões de todas as riquezas do país.
Mesmo com a elevação de 3,2% no quarto trimestre de 2020 ante os três meses imediatamente anteriores, este cenário econômico já era esperado por analistas em decorrência da pandemia da Covid-19. No início da pandemia, o mercado cogitou queda de até 9% na economia do país.
De acordo com o economista e professor da Unisinos Guilherme Stein, mesmo com a flexibilização do distanciamento social e a implementação do auxílio emergencial reaquecendo a atividade econômica, a melhora do desempenho no segundo semestre foi insuficiente para reparar as perdas do primeiro semestre do ano.
O desempenho negativo do PIB em 2020 foi liderado pelo setor de serviços, que teve retração de 4,5% diante da queda da demanda devido ao fechamento temporário de estabelecimentos como forma de conter o coronavírus.
Dentre os principais destaques negativos estão o comércio (-3,1%) e transporte, armazenagem e correio (-9,2). A indústria enfrentou escassez de matéria-prima e recuou 3,5%, a construção caiu 7% e a indústria de transformação, 4,3%.
Já a agropecuária, marcada por safra e preços recordes dos grãos, cresceu 2%.
No âmbito de demanda, o destaque negativo está no consumo das famílias que caiu 5,5%, a maior queda desde 1996. Ainda, no comércio exterior, as exportações recuaram 1,8% e as importações 10%.
A pandemia não afetou apenas o PIB brasileiro. O país ficou em 21º lugar em ranking produzido pela agência de classificação de risco Austin Rating. Apenas Taiwan, a China e a Turquia cresceram em 2020, enquanto 47 economias se retraíram.
Porém, quando analisados os países do Brics, grupo de economias emergentes composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brasil foi o que se saiu pior.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o problema é estrutural do país: o Brasil tem nível baixo histórico de investimento em relação ao PIB e após a recessão entre 2015 e 2016, a economia brasileira vinha em retomada lenta entre 2017 e 2019, o que fez com que a pandemia impactasse mais o PIB em 2020.