
Aldo Teixeira.
O fundo canandense Brookfield comprou por um valor não revelado 100% da Aldo Solar, a maior distribuidora de geradores solares para residências do Brasil.
Sediada em Maringá, a Aldo Solar faturou R$ 1,6 bilhão ano ado e deve dobrar o faturamento este ano.
Desde que começou a vender os geradores solares, a Aldo Solar já vendeu 160 mil unidades, o que é um terço de todos os geradores solares instalados nos telhados brasileiros.
Além da compra da Aldo, a Brookfield também está se movendo para ocupar uma posição na geração de energia solar no atacado no país.
Em 2020, uma matéria do Valor Econômico revelou que o fundo pretendia investir ao redor de R$ 4 bilhões em energia solar no Brasil.
Até 2023, a fonte solar deverá alcançar 1,5 mil megawatts (MW) de potência e praticamente igualar a capacidade instalada de outros ativos da Brookfield em energias renováveis no país - usinas eólicas ou de biomassa, hidrelétricas de maior porte e pequenas centrais (PCHs).
A Aldo era uma distribuidora de tecnologia convencional, trabalhando com marcas como Samsung, Intel, HP e Microsoft, até entrar em 2015 no negócio de energia solar, comprando os diversos componentes e montando kits orientados para o público final.
Em 2019, a empresa faturou R$ 580 milhões e pela primeira vez a linha de geradores foi a líder em participação de receita, com 49% do total.
De lá para cá, o negócio de geradores decolou e é hoje 90% do total, com 11 mil revendedores e instaladores independentes cadastrados e 70% das vendas acontecendo por meio de e-commerce, um indicador importante das possibilidades de crescimento futuras.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), em 2020 o Brasil entrou para a lista dos 10 países com maior produção de energia solar do mundo.
Atualmente, a energia fotovoltaica representa apenas 1,8% da matriz energética nacional, o que indica um grande potencial de crescimento das soluções de geração distribuída solar no Brasil, quando comparado a outros países, especialmente considerado os altos níveis de irradiação solar.
“Trilhamos um longo caminho e temos muito orgulho do que conquistamos até aqui. Fomos um dos primeiros a acreditar no setor solar no Brasil, somos pioneiros em sustentabilidade, e essa transação vai nos ajudar a ir ainda mais longe, ampliando a oferta para um mercado em plena expansão”, afirma Aldo Pereira Teixeira, fundador e presidente da Aldo Solar.
Teixeira segue como CEO e terá um assento no novo conselho de istração.
O empresário tem uma história de vida e tanto, segundo revela o Brazil Journal, tendo fundado a empresa nos anos 1980, dentro de uma Kombi, com a qual viajava pelo Paraná vendendo materiais para conserto de televisões e rádios.
O negócio de distribuição de tecnologia é posterior, tendo começado em 2000.
Com o Aldo Solar, Teixeira apostou num mercado com afinidades, mas também grandes diferenças com o negócio de distribuição de tecnologia. Por um lado, trata-se do mesmo modelo de intermediar a compra de equipamentos.
Por outro, é um mercado com muito mais influência de regulação, e, quando a Solar entrou nele em 2015, ainda era verde no país.
O período entre 2014 e 2015 foi de virada para o setor de distribuição no Brasil.
A Officer, então uma das maiores empresas do setor no Brasil, fez um pedido de recuperação financeira em 2015, inaugurando um processo do qual veio a sair, muito menor, só em 2019.
No mesmo ano, a Ação, o maior player do país, foi comprada pela Ingram, uma das líderes mundiais no setor. Ainda em 2014, Network1 e CNT Brasil, outras duas grandes distribuidoras brasileiras, também foram adquiridas.
Era um cenário que indicava problemas futuros para players de médio porte na área, como era o Aldo, e que Teixeira contornou fazendo uma virada ousada nos negócios - o tipo de manobra que se espera de quem sabe dirigir bem uma Kombi.