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Ceitec virou um problema.
O presidente do Ceitec, Cylon Gonçalves da Silva, assinou uma portaria publicada no Diário Oficial da União nesta sexta-feira, 26, nomeando Marcelo Soares Lubaszewski presidente interino da empresa estatal de microeletrônica sediada em Porto Alegre.
Lubaszewski é um professor da Ufrgs que está cedido ao Ceitec desde 2010, atualmente exercendo o cargo de diretor de design e relações institucionais da companhia.
A portaria publicada no DOU também nomeia Roberto Vanderlei Andrade, atual diretor istrativo e financeiro da estatal como substituto de Lubaszewski em caso de ausência.
A saída de Silva, que estava no cargo desde 2010, não é uma surpresa: seu mandato terminaria de todas formas no dia 3 de agosto.
A reportagem procurou a estatal para comentar as mudanças, mas não obteve retorno até o fechamento dessa matéria.
A nomeação de um presidente definitivo a a ser mais um assunto em suspenso numa empresa que está rediscutindo seu modelo de atuação.
Nascida associação civil sem fins lucrativos no ano 2000, a Ceitec foi federalizada em 2008 para seguir recebendo verbas públicas, que já totalizam R$ 600 milhões.
Apesar dos investimentos, a estatal de chips começou a gerar receita apenas no ano ado (R$ 189 mil) e ainda não fabrica seus produtos localmente, recorrendo a fábricas terceiras para a produção.
O orçamento de 2013 prevê um novo aporte de R$ 79,4 milhões de dinheiro público, para um faturamento previsto de R$ 1 milhão.
De acordo com reportagem da Zero Hora de maio, a conclusão de Brasília é que o formato estatal é incompatível com a atuação da empresa.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, demonstraria simpatia pela alternativa de vender parte da Ceitec, deixando o governo como sócio de uma PPP gerida pela iniciativa privada.
Não é de hoje que se discute a inviabilidade de atuação do Ceitec nos moldes atuais.
Ainda em agosto de 2009, o antecessor de Silva no cargo, o alemão Eduard Weichselbaumer, um executivo de mercado trazido para liderar a estatal, disse com todas as letras que a empresa deveria abrir capital e ser privatizada em até três anos.
“Nossos custos istrativos são altos, na faixa dos 20%, quando uma empresa privada do ramo fica em 7%. Na diferença fica a margem de lucro”, resumiu na época o alemão, que tem 30 anos de experiência no ramo de microeletrônica, 10 deles no Vale do Silício.
Weichselbaumer não ficou muito tempo à frente da empresa. Em julho de 2010, foi a uma feira de tecnologia em San José e não retornou mais ao Brasil.
Em uma carta entregue ao ministro de Ciência e Tecnologia que foi divulgada pela imprensa na época, o ex-presidente critica a burocracia do governo e as dificuldades de implementar modificações.
“Durante os últimos 18 meses eu tenho apresentado o que é necessário para completar a fábrica - e que na minha opinião, poderia ter sido concluído há 12 meses atrás caso a istraçãodo MCT tivesse sido eficiente”, critica o alemão na carta.
Weichselbaumer diz ainda que “nestas condições não vejo a empresa como tendo condições de atingir os objetivos necessários de forma a ter sucesso”.
Três anos depois, o sucesso segue uma perspectiva distante.