
Você tem um e-mail. Foto: flickr.com/photos/crystiancruz/
O governo brasileiro encomendou aos Correios o desenvolvimento de um sistema nacional de e-mail – o segundo, uma vez que o Serpro já criou um, lançado em julho.
Segundo revela matéria da Folha de São Paulo, o software deve ser lançado no segundo semestre de 2014, ele terá como mote comercial ser uma alternativa a prova de espionagem do Hotmail, da Microsoft, e Gmail, do Google.
A estatal já vinha trabalhando em um sistema pago de correspondência eletrônica para fins empresariais, que contaria com certificação de entrega ao ser lido pelo destinatário.
Após o mundo conhecer casos de espionagem do governo dos Estados Unidos, o Ministério das Comunicações pediu que o escopo do negócio fosse ampliado para um serviço nacional, possivelmente gratuito.
"Os Correios têm uma bandeira de credibilidade grande. Entregam carta no Brasil há 350 anos e ninguém acha que eles ficam bisbilhotando", afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Segundo dados da consultoria britânica Oxford Strategic, os Correios brasileiros, que detém monopólio da entrega de correspondência no país, estão em nono lugar entre empresas postais das 20 maiores economias do mundo
O número de encomendas entregues por carteiro foi de 526 em 2010 — na alemã Deutsche Post, privatizada em 1995 e sem reserva de mercado, cada profissional fez 4.500 entregas.
A matéria da Folha não comenta a existência de um software do Serpro, lançado em julho com o mesmo discurso de proteção contra a espionagem americana.
O Expresso v3 é uma solução de correio eletrônico, produtividade e videoconferência que será oferecido a órgãos de governo e empresas públicas por R$ 3,43 mensais o usuário.
O valor cobre hospedagem e e e uma conta inicial de 500 MB. A nova versão também roda em tablets e smartphones. Entre os primeiros usuários está o a própria estatal de processamento de dados, com 11.721 contas.
Com um custo anual de R$ 43 – fora a possibilidade de baixar o software gratuitamente e montar uma nuvem privada – o Expresso V3 é uma opção competitiva em termos de custo, saindo por menos de um terço do valor de uma conta no Google Apps, que custa US$ 65 ao ano.
O que não está claro é se o Serpro – ou o futuro software dos Correios - poderá competir em termos de funcionalidades e experiência de uso com o Google e Microsoft, que tem juntas quase um bilhão de contas de e-mail.
A capacidade das caixas de correio do Serpro, por exemplo, é de 500 MB, é uma fração do 30 GB que o Google oferece para usuários pagos hoje [quase uma década atrás, em 2004, o Gmail revolucionou o mercado oferecendo 1GB gratuitamente].
No caso da istração pública, ainda é possível impor uma solução inferior com base nas diretrizes de segurança de dados do governo.
Resta saber se o consumidor empresarial e residencial brasileiro está tão preocupado com a NSA a ponto de migrar suas caixas do Gmail para uma do Correios, onde, afinal, elas poderão ser bisbilhotadas por algum araponga brasileiro.