
Israel é hoje uma referência em tecnologia. Foto: Depositphotos.
Muitas startups de tecnologia de Israel estão fazendo planos para deixar o país, assustadas com os rumos políticos do país, no qual um projeto de reforma do judiciário gera dúvidas sobre a estabilidade democrática.
Segundo uma pesquisa da Start-up Nation Central, uma das principais entidades de tecnologia do país, 68% das startups israelense já deram os tendo em vista uma possível troca de sede.
As medidas incluem acúmulo de reservas de dinheiro, análises sobre a possibilidade de mudança ou preparações para um eventual corte de pessoal em Israel.
Do total de pesquisados, 8% disseram que já começaram com o processo de mudança de sede, e outros 29% disseram ter esse plano no futuro próximo.
O ecossistema de startups de Israel é hoje uma referência mundial, mas não é a primeira vez que uma situação assim acontece.
No começo dos anos 2000, muitas empresas mudaram a sede para os Estados Unidos, em busca de investimento, deixando em Israel a área de pesquisa e desenvolvimento.
O cenário hoje é um pouco diferente. Segundo o jornal alemão Handelsblatt, profissionais de ponta estão deixando o país, enquanto algumas startups anunciaram a saída por razões políticas.
Segundo relata o Handelsblatt, o principal jornal de economia da Alemanha, o temor entre muitos empreendedores é que as reformas judiciais promovidas pelo governo (veja mais abaixo) sejam o primeiro o para a introdução de um regime autoritário com forte influência religiosa.
A Moodys, uma das maiores agências de avaliação de risco do mundo, já mencionou o quadro político como um risco futuro para a economia de Israel e rebaixou o rating de crédito do país (um critério importante na avaliação de financiamentos internacionais) de “positivo” para “estável”.
ENTENDA O ROLO
O parlamento de Israel aprovou nesta segunda-feira, 24, um ponto central da proposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de reforma do Judiciário, um tema que vem gerando protestos sem precedentes na sociedade israelense desde janeiro.
A votação dizia respeito ao poder da Suprema Corte israelense de anular decisões do governo, mas os objetivos do governo Netanyahu vão mais longe, incluindo mudar a forma como os juízes são nomeados.
Durante a votação, os parlamentares da oposição gritaram "vergonha" e depois deixaram o plenário. A medida foi aprovada por 64 votos a zero – o parlamento tem 120 assentos.
O governo de Netanyahu, formado por conservadores, fundamentalistas religiosos e ultranacionalistas, aumenta as suspeitas sobre a reforma em setores mais liberais da sociedade, no qual provavelmente estão incluídos a maioria dos fundadores de startups.