
O jardim no qual os caminhos do C6 se bifurcam. Foto: Depositphotos.
O C6, um dos maiores bancos digitais do país, aumentou muito o prejuízo no ano ado, criando o que pode ser um momento “vai ou racha” para a empresa.
É o que aponta uma matéria do Brazil Journal, uma boa fonte para esse tipo de tema.
Começando pelo prejuízo: o C6 fechou o ano ado com R$ 2,2 bilhões no vermelho, um pouco mais do triplo dos R$ 692 milhões de 2021. Desse total, quase tudo (R$ 1,8 bilhão) veio no segundo semestre.
De acordo com o Brazil Journal, o resultado “surpreendeu o mercado pelo tamanho do prejuízo” num momento em que bancos como Nubank, Inter e até o Piay estão entrando no azul.
Analistas ouvidos pelo site dizem que não entendem completamente os motivos por trás da piora, uma vez que o C6 abre apenas “o mínimo exigido pela legislação”. A explicação mais provável é um uma piora grande na inadimplência.
O C6 fechou o ano com uma carteira total de crédito de R$ 29 bilhões, o dobro de 2021. Fundado em 2019, o C6 cresceu de forma exponencial e já tem mais de 23 milhões de clientes cadastrados.
Outro componente do prejuízo é o aumento dos gastos. As despesas istrativas subiram 60% no ano para mais de R$ 2 bilhões, com as despesas com pessoal subindo 82% para R$ 550 milhões (o ano do C6 começou com um corte de 12% na equipe).
As fontes ouvidas pelo Brazil Journal falam que o C6 “sempre gastou muito com marketing” e citam o fato de terem uma garota propaganda cara como Gisele Bundchen.
Nesse ponto, a reportagem do Baguete pode agregar que o C6 está implementando um pacote de soluções SAP, incluindo o software de gestão S/4 Hana, as soluções de gestão de compras Ariba, e o SuccessFactors, focado na área de recursos humanos.
(Um projeto normalmente sai caro, mais caro em um negócio complexo como o financeiro e muito mais caro se existe algum problema, sem ter a vantagem de ficar tão bem nas fotos como a Gisele).
E o vai ou racha? Dois anos atrás, o JP Morgan comprou 40% do capital do C6. Não foram abertos valores, mas a informação que circulou na época é que o banco americano pagou R$ 10 bilhões.
Segundo o Brazil Journal, os prejuízos constantes e em alta tem “levado muita gente do mercado a especular sobre o interesse do banco americano de continuar sócio no negócio”.
“Acho que eles estão num momento de ‘fly or die’,” disse um executivo do setor para o site. “Ou eles performam bem e o JP Morgan aumenta a participação. Ou, se eles continuarem performando mal, acho que o JP vai pular fora. Vai dar write-off, perder dinheiro, mas não vai ficar para pagar essa conta”.
(“Fly or die” é como se fala “vai ou racha” nos arredores da Faria Lima, em São Paulo. “Dar write-off” quer dizer colocar um investimento como prejuízo no balanço).
Em nota, o JP Morgan disse ao Brazil Journal que tem “total confiança” no C6 e “não tem qualquer intenção de encerrar a parceria”.