
Mário Rachid.
A Embratel anunciou que vai gastar R$ 30 milhões na construção de infraestrutura de edge computing em 16 pontos do país, no que parece ser o maior investimento na nova tendência de tecnologia por parte de uma operadora no Brasil até agora.
Também conhecido como computação em borda, o termo edge computing se refere à necessidade de levar o processamento de dados para mais perto do ponto de consumo, o que é necessário para tornar viáveis aplicações nos quais o tempo de resposta é chave.
Por isso, a Embratel criou “nuvens” fora do eixo RIo - São Paulo, onde costumam ficar os maiores data centers do país.
O investimento está sendo alocado em Openstack, orquestrador, hardware de servidores, processamento, segurança e comunicação entre os pontos.
A lista de pontos que receberão investimento inclui Recife, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Manaus, Belém, Brasília e Goiânia. Outros pontos serão ligados na segunda fase do projeto, até o fim do ano.
“Vamos oferecer o que há de mais avançado em soluções de computação na borda para empresas de todos os tamanhos e segmentos com esse investimento”, afirma Mário Rachid, diretor executivo de Soluções Digitais da Embratel.
A Embratel não dá muitas pistas de quais serão as soluções oferecidas na prática, dizendo na nota apenas que elas serão “diversificadas” para atender “os mais variados setores”, indo do financeiro até o de saúde, e serão lançadas ainda esse ano.
O processamento local dos dados, é crítico para as máquinas cujo desempenho na linha de montagem pode ser corrigido em tempo real, assim como equipamentos médicos de missão crítica instalados dentro do corpo de alguém.
Alguns analistas apontaram que a decisão da Amazon por comprar a Whole Foods, em um negócio de US$ 14 bilhões que deixou muita gente coçando a cabeça, foi justamente ter o a muitos locais diferentes nos quais fosse possível colocar máquinas mais próximas dos clientes para a sua nuvem da AWS.
No entanto, uma empresa como a Embratel pode oferecer conectividade e processamento de dados, mas a solução na ponta precisa de algum parceiro especializado, motivo talvez da escassez de dados no anúncio.
Com o anúncio do investimento em edge computing, a Embratel se coloca na contramão das grandes operadoras do país.
A Claro, através da Embratel, também tem data centers próprios no Brasil, onde pretende reproduzir seu posicionamento no México, em que disputa mercado com IBM, HPE e Sofftek desde que comprou a Hildelbrando em 2013.
A Embratel está em alta no assunto nuvem. Em novembro, a companhia ganhou a maior licitação de cloud computing já feita pelo governo federal, com uma oferta de R$ 29,9 milhões.
Todas as operadoras brasileiras entraram no mercado de nuvem ao redor de 2012 e vem brigando para conquistar um espaço desde então. Muitas parecem ter se convencido que é hora de promover uma mudança de rumo.
A Oi, por exemplo, acaba de anunciar um grande acordo com a Oracle, pelo qual vai deixar de desenvolver sua própria nuvem baseada em Open Stack, para adotar a nuvem da Oracle.
A operadora irá consolidar centenas de bancos de dados em uma cloud privada Oracle, hospedada nos datacenters próprios da operadora.
O acordo, válido por cinco anos, foi vendido como um negócio "inédito no mundo" e uma das maiores migrações de sistemas já realizadas na América Latina.
Os data centers da Telefônica no Brasil, assim como outras estruturas do tipo pelo mundo, estão à venda, em um negócio avaliado em US$ 600 milhões que está sendo disputado por Brookfield, Digital Realty e Equinix.
A Telefônica tem 25 data centers em nove países, sendo oito deles na Espanha e três no Brasil. Um dos data centers brasileiros, inaugurado em 2012 em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo, deve ser uma das jóias da coroa (os outros dois data centers brasileiros provavelmente são estruturas antigas).
O centro de dados paulista custou R$ 400 milhões na época, tem 33 mil metros quadrados e está em um terreno de mais de 70 mil. Em um vídeo triunfante divulgado na época, a Telefônica já projetava uma ampliação para 2019 no local.
Outros tempos. Em 2017, a Telefônica já sinalizou que não ia cumprir os planos de ampliar data centers no país, ao aumentar o uso do data center da T-Systems em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, desatando um investimento de R$ 20 milhões da multinacional alemã na expansão do local.