
Falta treinamento para demitir. Foto: Depositphotos.
A grande maioria (72,2%) das empresas não possuem treinamento ou capacitação para as lideranças sobre como fazer demissões.
É o que revela a pesquisa Employee Experience, do Instituto Great Place To Work (GPTW), realizada entre julho e agosto de 2022 com 2,3 mil respondentes.
A GPTW não abriu os dados por segmentos, mas a área de TI é a mais representada na pesquisa, com 26% do total.
Outros setores, como indústria (13,2%) e serviços (10,1%) não atingiram nem 15% dos respondentes totais. Saúde e outras áreas ficaram ambos com 6,1%.
O problema vai além de como fazer uma demissão, atingindo também o porque fazer em um grande número de empresas.
Segundo a mostra, apenas 54,9% das instituições possuem critérios definidos para a demissão e cerca de 45,1% não têm elementos bem definidos nesse sentido.
“A falta de treinamento e orientação para as lideranças realizarem o processo de despedida pode prejudicar bastante a experiência das pessoas nesse encerramento de suas jornadas nas empresas", diz Daniela Diniz, responsável pela pesquisa e diretora de conteúdo e relações institucionais do GPTW.
De acordo com Diniz, é preocupante que líderes não estejam recebendo a devida qualificação para colocarem a demissão humanizada em prática.
No caso da área de tecnologia, certamente tem um papel no despreparo o fato de que o RH das empresas da área esteve sempre muito mais preocupado em contratar do que demitir.
Nos últimos meses, no entanto, grandes empresas da área estão fazendo grandes cortes de pessoal, inclusive no Brasil.
Conforme a pesquisa, no processo de demissão, o modelo mais utilizado é a reunião individual para comunicar a demissão ao funcionário, com 84,2%.
Outros, como a comunicação para a equipe após o anúncio da saída da pessoa (54,4%) e uma pesquisa para avaliação da experiência do colaborador (54,6%) chegaram a mais da metade. Já a comunicação por escrito para o funcionário ficou com 34,1%.
Em relação ao responsável pelas demissões, cerca de 52,9% das empresas responderam que é a liderança direta. Depois vem o responsável pelo RH junto com a liderança direta (36,9%) e apenas o RH sozinho (6,7%).
Já o CEO é o que menos faz parte deste processo, com 3,4%.
O último ponto da pesquisa foi a recontratação: cerca de 86,5% das respostas indicam que a empresa já recontratou um funcionário após seu desligamento.
No mercado desde a década de 80, o Great Place to Work é uma consultoria global que atua na certificação e reconhecimento dos melhores ambientes de trabalho em 97 países.
Em 2022, o instituto certificou 2.307 empresas, atendeu 6.019 clientes, avaliou 117.105 práticas e impactou mais de 2 milhões de funcionários.