Tudo travou na justiça trabalhista do Paraná. Foto: www.flickr.com/photos/jmarty
O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR), responsável pela justiça trabalhista no estado do Paraná, está travado desde a segunda-feira, 02, devido a uma falha de grandes proporções nos seus sistemas de armazenagem de dados.
Em nota, o TRT-PR revela que uma falha no storage levou à indisponibilidade do PJe, o sistema de processo eletrônico nacional que substitui os processos físicos na Justiça do Trabalho.
Sem o PJe, os advogados não podem entrar com ações nem ar ou receber notificações dos processos já existentes.
Na quarta-feira, 04, quando deve ter ficado clara a extensão do problema, a presidência do TRT determinou a suspensão de todos os atos processuais, inclusive audiências, sessões de julgamento e leilões, tanto na fase de conhecimento quanto na fase de execução, no âmbito do Regional.
Algumas varas também decidiram suspender os trabalhos, incluindo a da capital, Curitiba, e a de São José dos Pinhais, município da região metropolitana que é o sexto mais populoso do Paraná.
O TRT-PR vem publicando atualizações diárias sobre a crise. Na última, datada desta quinta-feira, 05, ainda não havia uma previsão de retorno completo.
De acordo com o texto, as equipes de TI estão “trabalhando ininterruptamente” no problema, restaurando de cópias de segurança, cujo processo “é lento e acarreta demora na liberação do sistema”.
“O evento não tem qualquer indício de conexão com falhas de segurança ou invasão de nossa infraestrutura”, assegura o TRT-PR .
O PJe começou a ser implantado gradualmente no Paraná em 2012, como no resto do país.
Todos os novos processos são introduzidos nesse sistema, que é dividido em quatro bancos de dados: informações de processos de 1º grau, informações de processos de 2º grau, documentos de 1º grau e documentos de 2º grau.
Primeiro grau significa que o processo está ainda em nível de vara do trabalho, e segundo que houve um recurso a nível de Tribunal Regional, onde normalmente terminam os processos.
No momento, a TI do TRT do Paraná conseguiu restaurar 100% das informações de processos de primeiro grau, sem perda de dados.
Ainda há muito trabalho a fazer: dos documentos de primeiro grau, só 15% foram restaurados. Das informações sobre os processos de segundo grau já foram restaurados 20% e dos documentos de segundo grau, 25%.
Ainda não há informações sobre se houve perda de informações nesses bancos.
A crise afeta dezenas de milhares de advogados trabalhistas, um dos ramos de atividade mais populares nas carreiras jurídicas.
Só a Associação dos Advogados Trabalhistas do Paraná, cuja filiação não é obrigatória, tem 1,2 mil sócios, então calculem qual pode ser o número total.
Entre dezembro e maio de 2017, entraram na justiça trabalhista paranaense 35 mil novos processos (a metade em relação ao ano anterior, como consequência da reforma trabalhista), todos eles pelo sistema eletrônico.
As informações publicadas pelo TRT do Paraná são orientadas a informar esse público, então há poucas informações para quem está interessado no aspecto de TI da catástrofe, como qual é o volume de dados a ser restaurado e o número de horas extras sendo contabilizada. É possível chutar com segurança que ambos são elevados.
Também não se sabe ainda quem é o fornecedor do sistema de storage e se a falha foi causada por defeito do equipamento ou de uso por parte das equipes de TI do tribunal ou de fornecedores terceiros.
Cabeças devem rolar, responsabilidades serão difíceis de atribuir, injustiças podem ser cometidas: talvez tudo acabe na justiça trabalhista do Paraná. Quando ela voltar a funcionar.