
Marco Antonio Raupp foi anunciado como novo ministro da Ciência e Tecnologia nesta quarta-feira, 18.
Confirmando os primeiros rumores relacionados à reforma ministerial, Aloízio Mercadante irá para o ministério da Educação, substituindo Fernando Haddad, candidato petista à prefeitura de São Paulo.
Nascido em Cachoeira do Sul e Formando em Física pela Ufrgs, Raupp, 73 anos, vive fora do Rio Grande do Sul desde os anos 60.
Desde março de 2011, ele ocupava o cargo de presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Antes disso, trabalhou como diretor geral do Parque Tecnológico de São José dos Campos, em São Paulo, do qual foi fundador.
Raupp é visto como um técnico, ainda que com boa capacidade de articulação. Teve atuação em uma série de entidades relacionadas à ciência e tecnologia, incluindo a presidência da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Herança
Mercadante entrega ao novo ministro um MCT com orçamento turbinado. Em dezembro, o então ministro previu que a pasta deveria receber R$ 8,5 bilhões em 2012, 41,6% a mais do que em 2011.
Mas também deixa dois pepinos para o sucessor. A vinda da fábrica da Foxconn e o atraso no início da fabricação de chips na planta do Ceitec em Porto Alegre.
A negociação com a multinacional chinesa se arrasta desde abril de 2011. Após visita da presidente Dilma Rousseff à China, o governo federal anunciou que a empresa começaria a construir em julho uma montadora dos tablets iPad no Brasil com investimento de R$ 12 bilhões.
Desde então, Mercadante ou a ser o porta voz do governo sobre o tema. Uma missão ingrata, visto que os prazos não deixaram de aumentar, assim como as exigências de crédito dos chineses.
Em dezembro, o ministro finalmente itiu que não sabia quando a fábrica viria. O BNDES entraria com R$ 1,2 bilhão no negócio.
Quanto ao Ceitec, Mercadante esteve no Congresso Nacional em julho respondendo sobre o atraso de dois anos no início da fabricação local de chips – o Ceitec tem terceirizado a produção – e culpou falhas técnicas dos construtores pelo atraso.
O então ministro não descartou tomar providências jurídicas contra o consórcio Racional Delta, formado por duas construtoras com faturamento de R$ 1 bilhão cada.
Telescópio
Um problema menor – ou pelo menos, mais distante - é a entrada no Brasil como um dos 15 parceiros do Observatório Europeu do Sul (ESO), assinada em 2010.
Segundo uma matéria da Folha de São Paulo desta quarta-feira, 18, Mercadante não teria enviado a entrada do Brasil para aprovação do Congresso e do Ministério das Relações Exteriores.
Ao tornar-se membro do ESO, o Brasil tem o às avançadas instalações do grupo, o que já está acontecendo, com a contrapartida de pagar R$ 250 milhões, o que não aconteceu.
O atraso ameaça o projeto de construção de um telescópio gigante o Chile. A ESO já considera substituir o Brasil por Rússia, Israel ou Austrália, que têm interesse no projeto.