
Governo federal pressiona por desconto junto a multinacionais. Foto: Pexels.
Goiás aderiu à tabela de preços negociada pelo governo federal com a Microsoft, e vai pagar uma média de 22% a menos em uma tabela de 2 mil produtos da multinacional.
A lista tem ferramentas de colaboração e produtividade, desde o Office 365 até serviços da plataforma de dados da Microsoft, incluindo BI e Analytics.
O desconto é resultado de um acordo fechado em agosto do ano ado com a Microsoft pela Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia.
O acordo é extensível aos três poderes nas esferas federal, estadual e municipal, que pouco a pouco estão aderindo.
Goiás é o primeiro estado a aderir. No Judiciário, já entraram no acordo o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.
O sistema começou a ser adotado em 2019, quando a SGD buscou negociações com os maiores fornecedores de TI, como Microsoft, Oracle, IBM, Red Hat, Qlik e VMWare.
Na primeira aproximação, a MS não topou acordo e foi alvo de um corte linear de 35% na tabela de produtos. Um ano depois, concordou em conversar e o corte ficou um pouco acima de 22%.
O governo fez a mesma coisa com Adobe e Broadcom (para a linha de produtos Symantec), impondo descontos de 22,49% para a primeira e de 21,67% para a segunda, em ambos os casos para 11 produtos e serviços.
A Qlik negociou e o desconto ficou em 10,87%, para 22 itens, entre eles, a aquisição de licenças de produtos da plataforma Qlik, como o Qlik Sense.
“O estado vai adquirir licenças e ferramentas com ganho financeiro e sinergia com os órgãos federais, melhorando a prestação de serviços para o cidadão goiano”, diz o subsecretário de Tecnologia da Informação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação de Goiás, Rodrigo Michel de Moraes.
A estimativa do governo é que a economia com os descontos fique em pelo menos R$ 112 milhões em 2020. A istração pública vai economizar, as gigantes de TI vão cortar a margem e parece que quem vai levar o prejuízo são as parceiras brasileiras das multinacionais.
Pelo menos, é o que entende a Assespro,entidade que representa 2,5 mil empresas brasileiras de tecnologia, a maioria delas médias e pequenas, sendo um número significativo delas parceiras de empresas como a Microsoft ou então desenvolvedoras de versões nacionais dos produtos cujos preços estão sendo reduzidos.
A entidade encaminhou um ofício ao governo federal questionando a decisão do governo de negociar descontos com os maiores fornecedores de tecnologia da informação e comunicação do governo.
“O modelo proposto pode levar à coordenação anticompetitiva de preços por parte dos competidores de maior porte e barreira à entrada de empresas de menor porte”, diz o ofício assinado por Italo Nogueira, presidente da Assespro Nacional.
Seja tendo que encurtar suas margens para oferecer os produtos das multinacionais ou tendo que baixar o seu preço para competir, essas companhias estão prejudicadas.
Na sua nota, a Assespro afirma que acredita que as compras públicas são “um fator indutor do processo de crescimento econômico e de geração de emprego e renda” e que o sistema de compras concentradas “reduz a saudável variedade de oferta de soluções, especialmente em um segmento tecnológico e estratégico”.