
A estimativa é que a IBM tenha demitido mais de 20 mil pessoas com mais de 40 anos em cinco anos. Foto: Pixabay.
A IBM foi acusada de ter uma política sistemática para substituir milhares de funcionários de 40 anos ou mais por trabalhadores jovens em uma reportagem publicada pelos portais ProPublica e Mother Jones.
De acordo com a publicação da ProPublica - uma redação independente e sem fins lucrativos que produz jornalismo investigativo - a estimativa é que a empresa tenha demitido pelo menos 20 mil funcionários com mais de 40 anos de idade nos Estados Unidos nos últimos cinco anos.
O número representa cerca de 60% do total estimado de cortes da empresa nos EUA durante esses anos.
Esses funcionários, alguns com carreiras de décadas na IBM, foram substituídos “trabalhadores menos experientes e com salários mais baixos”, segundo a investigação.
O relatório investigativo foi feito a partir de um questionário preenchido por mais de 1,1 mil ex-funcionários da IBM, que compartilharam experiências, entrevistas, documentos oficiais da empresa e outros.
As demissões acompanham o movimento de transição da IBM para um negócio centrado em serviços de nuvem e análise de dados.
Quando a tecnologia começou a mudar, a empresa reagiu com uma estratégia que, nas palavras de um documento de planejamento confidencial obtido pela ProPublica, "corrigiria o mix de senioridade".
A IBM reduziu a força de trabalho em até três quartos em relação ao pico dos anos 1980, substituindo uma parcela substancial de trabalhadores experientes dentro dos Estados Unidos ou transferindo as posições para o exterior, aponta o levantamento.
Durante o processo de cortes, a publicação afirma que IBM desrespeitou as leis e regulamentações dos EUA que buscam proteger trabalhadores de discriminação por idade, de acordo com uma revisão de documentos internos da companhia, registros legais e registros públicos, além das informações dos ex-funcionários da IBM.
A empresa teria, por exemplo, selecionando pessoas para demitir com base na idade, mesmo quando elas eram avaliadas com alta performance.
Outra medida foi reduzir os cortes de empregos ao transformá-los em aposentadorias, diminuindo o número de saídas registradas como demissão, que podem exigir divulgação pública.
A empresa também é acusada de encorajar os funcionários alvos de demissão a se candidatarem a outros cargos na IBM, ao mesmo tempo em que aconselhou discretamente os gerentes a não contratá-los e exigiu que muitos dos funcionários treinassem seus substitutos.
A companhia ainda teria dito a alguns funcionários mais velhos que eles foram demitidos por estarem com as habilidades desatualizadas, mas depois contratou alguns dos profissionais para o mesmo trabalho com salários mais baixos e menos benefícios.
De acordo com a ProPublica, a IBM recusou os pedidos de informações sobre os cortes ou dados sobre a faixa-etária dos funcionários demitidos. A publicação forneceu à empresa um resumo de 10 páginas de suas descobertas e as evidências nas quais elas foram baseadas.
O porta-voz da IBM, Edward Barbini, disse que, para responder, a empresa precisava ver cópias de todos os documentos citados na matéria. O portal recusou para não quebrar o compromisso com as fontes, mas forneceu descrições detalhadas dos documentos.
Barbini se recusou a abordar os documentos ou responder perguntas específicas sobre as políticas e práticas da empresa.
“Estamos orgulhosos da nossa empresa e da capacidade dos nossos funcionários de se reinventarem era após era, respeitando sempre a lei. Nossa habilidade para fazer isso é a razão para sermos a única empresa de tecnologia que não apenas sobreviveu, mas prosperou por mais de 100 anos”, afirmou o porta-voz em uma declaração.