Tamanho da fonte: -A+A 2vl4s

Marcelo Ciampolini. Foto: divulgação.
Depois de movimentar cerca de mais € 1 bilhão em transações na Alemanha e outros países da Europa, com cerca de 250 mil usuários, o site Lendico anunciou sua chegada ao mercado brasileiro.
A empresa alemã está disposta a emplacar no país a sua plataforma 100% online de empréstimos. No país, a empresa está iniciando suas operações em parceria com o Banco BMG, instituição credenciada a liberar os empréstimos aos usuários.
O plano da companhia é ganhar projeção no país em número de usuários e presença da marca, com o objetivo de no futuro trazer ao país serviços de empréstimo usuário a usuário (P2P, na sigla em inglês), modelo principal da multinacional em outros países.
Segundo Marcelo Ciampolini, diretor da Lendico no Brasil, a empresa estava estudando desde 2013, ano em que foi fundada, em formas de entrar no rentável mercado financeiro brasileiro.
"É um mercado bastante regulado no Brasil, então começamos dentro do modelo tradicional de empréstimos, alinhados com o BMG, mas já trazendo nosso modelo online e tecnologias de inteligência que empregamos internacionalmente", afirmou Ciampolini.
De acordo com o executivo, a empresa usa tecnologias próprias de análise para a liberação de crédito, com processos mais ágeis que financeiras que também usam plataformas online.
"Fizemos adaptações em nossa tecnologia de análise para operar em conformidade com os padrões locais, mas estamos garantindo uma entrega mais rápida e juros competitivos. Conseguimos isso por conta de nossa expertise online internacional", destaca Ciampolini.
A empresa não deu detalhes sobre metas para o mercado brasileiro, mas o líder da Lendico no país vê um grande potencial para o serviço, apostando na agilidade e qualidade do serviço.
"Vamos investir nos próximos meses para qualificar nossa estrutura de atendimento aos clientes, o que nos dará uma vantagem competitiva", afirmou o executivo. Atualmente, a operação da empresa alemã em São Paulo conta com 15 pessoas. O plano de Ciampolini é ampliá-la para 25 até o final do ano.
Sobre a possibilidade de trazer os empréstimos P2P para o Brasil, o diretor acredita que a chegada deste segmento será inevitável, e terá que ocorrer em parceria com os bancos e entidades reguladoras.
Em 2010, o Brasil chegou a ter uma experiência do tipo com o Fairplace, site que promovia empréstimos entre pessoas físicas e chegou a movimentar R$ 1,8 milhão, oferecidos a taxas de 3,45%, média bem inferior à dos bancos para quem tomava os empréstimos e rendimentos também acima do mercado para quem emprestava.
Entretanto, o site foi investigado e fechado pela Receita Federal por não operar dentro da conformidade com o Banco Central.
Em outros países, o modelo também gerou polêmicas por onde ou. Nos Estados Unidos, o site mais famoso do tipo, o LendingClub, estabeleceu parcerias com bancos (no caso, o OneBank), para operar de forma regular dentro do mercado.
Para Ciampolini, experiências como o Fairplace mostram o potencial que os empréstimos P2P podem ter no país, mas eles terão que acontecer dentro da legislação, o que o Lendico quer seguir atenciosamente.
"Estamos em conversações com bancos e reguladores para fazer isso da melhor forma possível, trazendo competitividade para o setor, mas sem sermos vistos como desleais. Se tudo der certo, faremos as primeiras experiências no ano que vem", afirmou o executivo.
A chegada do Lendico, que recentemente levou um aporte de € 20 milhões da Rocket Internet, é mais um indicativo da aceleração de novas empresas financeiras - as fintechs - que usam tecnologia para ganhar tração e competitividade no mercado.
Estas novas companhias devem receber cerca de US$ 30 bilhões em investimentos de venture capital este ano. Em 2013, o valor aportado foi de US$ 4 bilhões. De acordo com o Goldman Sachs, 20% dos lucros do setor financeiro devem ir para as novas plataformas destas fintechs até 2020.