INOVAÇÃO

Marca produz óculos com impressora 3D 5d362w

Yoface também desenvolveu um sistema com inteligência artificial para provador virtual. 5v6k1e

02 de dezembro de 2024 - 11:00
Ivan Cavilha, CEO da Yoface. Foto: divulgação.

Ivan Cavilha, CEO da Yoface. Foto: divulgação.

A Yoface, marca de óculos paulistana, apostou na impressão 3D industrial para produzir as armações de seus modelos com solução Multi Jet Fusion (MJF), da HP, gigante norte-americana de tecnologia.

Fundada por Ivan Cavilha (CEO), que atua no setor óptico desde 2002 e já ou por empresas como Chilli Beans e Optisol, a marca iniciou sua trajetória ainda em 2019, quando o empresário viu a oportunidade de inovar produzindo por meio da manufatura aditiva.

“O setor óptico aqui no Brasil é, no geral, bastante conservador em todos os sentidos, tanto em abertura para a inovação quanto na gestão. É uma indústria bastante familiar em sua grande maioria, poucas redes consolidadas. Então a gente percebia sempre muita dificuldade e a minha ideia era trazer um pouco de inovação, até alguma disruptura”, conta Cavilha.

Um dos pontos buscados era a autonomia de produção, sem a dependência da importação principalmente da China, grande fabricante mundial que abastece o mercado brasileiro e mundial.

“Porém a China faz isso em larga escala, com produtos sempre iguais e com uma produção muito pouco preocupada com o meio ambiente. Então queríamos trazer essa alternativa de uma produção local e independente, com um abastecimento de estoques e das demandas praticamente just in time. Ao contrário da indústria tradicional brasileira, que é mega estocada”, conta Cavilha.

Na impressão, a companhia utiliza como matéria-prima nanopartículas em pó de polipropileno.

“É um dos poucos materiais que a gente consegue reutilizar 100% da matéria-prima. Identificamos que ele tem bastante resistência a alguns produtos químicos, baixa absorção de umidade e tem essa característica de trazer a flexibilidade que precisamos dentro do processo de produto final”, detalha Gabriel Soares, sócio da Yoface.

As impressoras da HP utilizam, por padrão, o software Magics, da Materialise.

O próximo o é produzir óculos translúcidos e novas cores. Para isso, a empresa encontrou o processo de estereolitografia (SLA, na sigla em inglês), que utiliza laser e uma resina fotossensível como matéria-prima, e está desenvolvendo a produção com um software próprio.

PROVADOR VIRTUAL COM IA

Hoje, a marca comercializa uma linha adulta em seu site, onde oferece a possibilidade de customização com cores, palavras escritas na parte interna da haste, ou mesmo adaptação do modelo para a largura do nariz, por exemplo.

Para isso, a empresa desenvolveu internamente um sistema chamado Yoface Custom System, que utiliza inteligência artificial para que os clientes possam experimentar as armações on-line, escaneando o rosto.

Durante a pandemia, a companhia juntou um grupo de três desenvolvedores com especialidades como realidade aumentada, inteligência artificial e machine learning.

“Provoquei eles para ver se tínhamos algum caminho, já que ninguém tinha feito isso. Mas a gente tinha na mão a customização em escala, dava para fazer, só faltava chegar no nível de possibilitar essa customização. E fomos trabalhando e evoluindo”, conta Cavilha.

Quando o cliente faz a captação da imagem, é gerada uma malha com cerca de 700 pontos que, unida pelo software, cria uma réplica do que seria o rosto daquela pessoa. Com isso, a empresa faz o mesmo movimento que uma óptica faria de prova do óculos seguindo alguns parâmetros definidos.

Feita essa prova, é possível identificar principalmente a área do nariz, mais crítica para o conforto, e interferir no desenho da armação. Se necessário, é feito um redesenho para ajustar o óculos para aquele cliente.

Segundo a Yoface, o treinamento de IA reconhece o rosto com um índice de fidelidade superior a 96%. 

“A IA nos apoia bastante no sentido de trazer para o nosso dia-a-dia algo que antes era muito a um processo artesanal. A gente dá escala a isso e é uma tendência cada vez mais forte as pessoas quererem produtos personalizados”, destaca Cavilha.

Se a empresa produzir 100 óculos ao mesmo tempo, ela pode fazer 100 armações diferentes, cada uma com um desenho próprio.

“Para a impressora, não importa se eu vou usar 100 óculos com as mesmas frentes ou 100 frentes diferentes para cada um dos clientes. Desde que a programação no software esteja feita, ela vai simplesmente cumprir”, explica Cavilha.

Essa customização também permite fazer adaptações para pessoas que têm anomalias craniofaciais, por exemplo, bem como larguras de nariz e tamanhos de cabeça que as hastes comuns não atendem.

“A gente já tem feito trabalhos com alguma recorrência para atender esse público que antes era praticamente não atendido, que os óculos simplesmente não cabiam e não tinha nenhum tipo de alternativa. Fomos sendo descobertos para esse tipo de situação”, conta Cavilha.

Baseada em São Paulo, a Yoface produz seus óculos em Camaçari, na Bahia, no Senai Cimatec Park, com um contrato de exclusividade para o setor. No time direto, são cerca de oito pessoas, além de parceiros terceirizados. 

A previsão de faturamento da empresa para 2024 é de R$ 1,25 milhão e, em 2025, o objetivo é chegar a uma receita de R$ 2,5 milhões.

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