
Inácio Arruda assume secretaria do MCTI. Foto: www.flickr.com/photos/inacio65/
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) acaba de nomear dois secretários cujos nomes estavam sendo aguardados pelas entidades do setor de TI, com dois perfis diferentes: uma pesquisadora e um ex-senador.
Márcia Barbosa, doutora em Física pela UFRGS, será nomeada secretária de Políticas e Programas Estratégicos, responsável pela gestão de políticas como a Lei de Informática e Lei do Bem.
Barbosa é doutora em Física e atuava como pesquisadora na UFRGS. Ela foi escolhida pela revista Forbes em 2022 como uma das 16 cientistas brasileiras que fizeram história.
Já o ex-senador Inácio Arruda (PCdoB) vai ocupar o cargo de secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, onde serão geridos os programas nacionais de desenvolvimento.
Filiado ao PCdoB desde 1987, Barbosa foi eleito sucessivamente, em 1988 vereador de Fortaleza, em 1990 deputado estadual, em 1994 deputado federal, reeleito em 1998 e 2002.
Em 2006, foi eleito senador do Ceará, tornando-se o primeiro senador comunista eleito depois de Luís Carlos Prestes em 1946. Nos últimos oito anos, Arruda foi secretário de Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará, cargo que ocupou por oito anos.
Os dois postos de secretário são resultado da divisão da antiga secretaria de Empreendedorismo e Inovação.
Não é preciso ser um analista político muito sofisticado para entender a lógica das nomeações.
O nome técnico ficou para a secretaria que gera política pública e o nome político, do mesmo partido da ministra da Luciana Santos, foi para a secretaria que terá orçamento.
SERÁ QUE AS ENTIDADES FICARAM FELIZES?
A pergunta que fica é se o arranjo agrada o grupo de 11 entidades de tecnologia, incluindo aí a Brasscom, a mais forte no setor de TI, que publicaram uma carta aberta pedindo a nomeação para as secretarias de pessoas com “formação e perfil técnicos e conhecimento prévio do funcionamento do ministério”.
Uma manifestação relativamente rara, a carta foi assinada por uma série de entidades de peso da área de tecnologia incluindo a Brasscom, a Assespro Nacional, a Abes e a Acate; pela Abinee, a principal entidade da indústria eletro-eletrônica, além da Anjos do Brasil, Câmara e-Net, Abranet e Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, entre outras.
“Esperamos que as novas lideranças de tais secretarias continuem trabalhando de forma harmoniosa e produtiva com os servidores de carreira, assim como na interlocução com todos os setores do ecossistema digital”, afirma o texto da nota.
Como costuma acontecer em cartas públicas de entidades, e mais ainda quando estamos falando de 11 entidades, é preciso fazer um bocado de leituras entre as linhas para tentar entender qual é a mensagem real da comunicação (estamos aqui para isso).
Aparentemente, a palavra-chave para entender tudo é “continuem”, o que parece querer sinalizar da maneira mais discreta possível o desejo de nomeações parecidas com as do último governo.
Durante a gestão de Marcos Pontes no Ministério da Ciência e Tecnologia, o secretário de Empreendedorismo e Inovação foi Paulo Alvim, um funcionário público de carreira que atuava em diversas áreas ligadas à ciência e tecnologia do governo federal desde os anos 80.
Quando Pontes deixou o cargo para concorrer a senador, quem assumiu o comando do ministério foi Alvim.
A secretaria ou então para José Gontijo, ex-diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação. Gontijo também é um servidor público de carreira, em Brasília desde 2003 e com 15 anos de atuação no Ministério de Ciência e Tecnologia.