
PF fez batidas em consultórios de Porto Alegre. Foto: Policia Federal / Divulgação
A Polícia Federal realizou uma operação em Porto Alegre nesta terça-feira, 28, visando investigar uma fraude no sistema de ponto eletrônico do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), um dos maiores da cidade.
A fraude era bastante simples: segundo uma denúncia recebida pela PF, 10 médicos chegavam no hospital na hora, faziam o ponto e iam embora fazer outra coisa, só regressando na hora de marcar a saída.
Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em hospitais, clínicas e consultórios em Porto Alegre.
O objetivo da PF é provar que os médicos trabalhavam em outros lugares enquanto deveriam estar no HNSC, atendendo pacientes do SUS.
Os profissionais são concursados e têm salários entre R$ 14 mil e R$ 31 mil.
A PF não chegou a divulgar detalhes importantes para entender a extensão do problema, como desde quando a fraude estaria em curso, ou se os médicos compareciam pelo menos parcialmente no trabalho.
Para entender como o esquema pode funcionar, é preciso entender as dimensões do Conceição, um dos maiores grupos hospitalares do Rio Grande do Sul.
Vinculado ao Ministério da Saúde e com atendimento 100% pelo SUS, o GHC comporta os hospitais Conceição, da Criança Conceição, Cristo Redentor e Fêmina, além da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, 12 postos de saúde do Serviço de Saúde Comunitária, três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e a Escola GHC.
São quase 10 mil profissionais (não só médicos, é claro), realizando 1,1 milhão de consultas e outras 27 mil cirurgias anuais.
Apesar disso, o fato de 10 médicos terem conseguido não trabalhar apenas batendo o ponto mostra no mínimo uma falta de controle mais efetivo da organização sobre o trabalho que é efetivamente executado dentro das suas instalações.
Em nota, o Grupo Hospitalar Conceição disse que abriu uma sindicância interna investigativa para apurar istrativamente as denúncias e tomar as medidas cabíveis, além de colaborar com a Polícia Federal.
“Aqueles profissionais que tiverem comprovadas as irregularidades no exercício de suas atividades serão demitidos de seus cargos no GHC”, promete o hospital.