
Nadella: "Nós vamos fazer um corte deeeeeeeeeeeeeese tamanho".
A história se repete, já dizia o “poeta” Humberto Gessinger, do Engenheiros do Hawaii. Pelo segundo ano consecutivo, na manhã seguinte ao fim de seu encontro global que reúne 15 mil parceiros, chega na caixa de entrada do Outlook dos funcionários um e-mail assinado pelo CEO da Microsoft indicando reestruturações estratégicas na companhia.
Dessa vez, veio de Satya Nadella um correio eletrônico com o título “Starting to Evolve Our Organization and Culture”. A mensagem indicava, basicamente, que 18 mil funcionários serão demitidos ao longo dos próximos meses.
A primeira navalhada deve arrastar 13 mil empregados que terão as posições em que atuam eliminadas ao longo dos próximos seis meses a um custo total de até US$ 1,6 bilhão.
Muitos desses postos [aproximadamente 12,5 mil] referem-se às operações da divisão de serviços e dispositivos da Nokia. A multinacional emprega cerca de 130 mil pessoas.
Em 2013, o e-mail bombástico pós-WPC partiu de Steve Ballmer, o então líder da companhia, e apontava para a estratégia batizada de One Microsoft e que tinha o objetivo de simplificar o modo de operar da organização.
Parece estar virando uma tradição da companhia fazer esses comunicados um dia depois do evento. Se for, o encontro anual de parceiros deve começar a gerar uma sensação estranha de frio na espinha dorsal dos funcionários da Microsoft.
Aparentemente, a postura de comunicar essas questões ao fim de um evento com aliados comerciais trata-se de algo difícil de compreender uma vez que esse encontro – uma espécie de kick off de vendas – deveria ser o momento onde a fabricante abre suas estratégias para que seu ecossistema se alinhe de maneira mais firme aos objetivos estratégicos da organização.
Alguns analistas de mercado já cantavam a bola de que seriam anunciadas mudanças na estrutura da Microsoft em breve, o que prova que a rádio peão quase nunca erra. Eles falavam em cortes, o que se concretizou.
Os rumores eram tão fortes que talvez tenham abafado um pouco os anúncios feitos durante o evento. Poucas notícias chegaram ao mercado local por enquanto, apesar de o encontro contar com a presença de um volume considerável de canais brasileiros da marca.
Em conversa informal, pela internet, com o presidente de uma revenda da marca presente no WPC sobre o que estaria acontecendo de legal por lá e quais eram as principais mensagens, o executivo resumiu:
“Aqui só se fala de Azure. E Office365. O melhor foi o Kevin [Turner, COO da empresa, conhecido por apresentações que tratam da concorrência], como sempre. E o Nadella, normal. Essa mudança gigante assusta todos, talvez seja isso...”.
Quanto a notícias oficiais que partiram de Washington, onde o evento aconteceu, o site que traz releases da empresa estampa apenas três registros com os seguintes títulos: WPC 2014 Dia 1: Vencendo juntos em um mundo mobile-first, cloud-first; WPC 2014 Dia 2: Parceiros apostam alto em soluções Microsoft; e Empresas brasileiras de tecnologia são destaques em premiação mundial da Microsoft.
Não há indicação de como as mudanças anunciadas por Nadella na manhã dessa quinta-feira afetarão a subsidiária nacional da fabricante [a reportagem procurou a Microsoft Brasil e não teve retorno até o fechamento dessa matéria].
A certeza é que, assim com as anteriores, chegarão por aqui. Resta saber que surpresas a empresa guarda para revelar ao mercado depois do WPC 2015, que ocorrerá em julho do ano que vem, em Orlando, Flórida.