
Gustavo Queiroz, gerente financeiro da MV. Foto: Divulgação
A MV, a maior empresa de software de gestão para o setor de saúde do Brasil, acaba de lançar uma fintech, batizada de MV Bank.
A nova linha de negócio teve um investimento de R$ 50 milhões e oferecerá serviços voltados para o nicho da MV, como por exemplo a antecipação de recebíveis para profissionais da saúde, ou substituição de boletos por PIX.
Os pagamentos antecipados devem ter demanda: de acordo com a MV, os profissionais da área demoram até 90 dias para receber pagamentos em função do fluxo normal do faturamento das instituições.
O MV Bank foi criado com o e do PeerBnk, empresa especializada em soluções financeiras digitais e créditos, e será integrado ao Soul MV, o ERP da MV, que atende hoje 1,2 mil hospitais com 400 mil usuários na ponta.
A MV quer oferecer soluções financeiras para todo esse público.
"Diferentemente dos outros bancos digitais, o objetivo é facilitar a vida financeira das instituições de saúde, contribuindo na gestão financeira, empréstimos para aquisição de softwares e produtos e facilidades para o profissional da saúde”, afirma Gustavo Queiroz, gerente financeiro da MV e responsável pelo projeto.
A MV fechou o ano ado com um faturamento de R$ 400 milhões, uma alta de 20% frente ao resultado de 2020.
De uns tempos para cá, a empresa botou o bloco na rua e fala em atingir um faturamento de R$ 1 bilhão até 2025 e no desafio de “consolidar a saúde digital no Brasil”.
Além dos resultados, a MV divulgou também que um estudo do Santander avaliou a empresa em R$ 4 bilhões.
Os números, a meta, os estudos, a nova marca e o discurso em geral são bastante chamativos vindos da MV, uma empresa com 34 anos de mercado relativamente discreta para o tamanho que tem.
A empresa não divulgou valores de faturamento de maneira pública pelo menos desde 2014, por exemplo, e nunca abriu coisas como o seu valor de mercado estimado (o que não é frequente de maneira geral).
Com a criação de uma fintech, a MV está se alinhando a uma tendência de mercado, na qual os grandes players de software de gestão visam faturar com ofertas financeiras acopladas aos seus produtos.
O exemplo mais chamativo desse tipo de movimentação veio da Totvs, que em 2019 pagou R$ 455,2 milhões pela Supplier, uma empresa especializada em intermediação de operações de crédito entre clientes e fornecedores.
Recentemente, a Totvs anunciou a venda de 50% da sua unidade fintech para o Itaú, em um negócio de R$ 1 bilhão.
O objetivo da t venture é vender serviços financeiros do Itaú integrados aos sistemas de gestão da Totvs, incluindo 30 mil clientes corporativos, seus fornecedores e funcionários.
Outros players estão seguindo o manual. A Viasoft, empresa paranaense especializada em software de gestão com forte presença no agronegócio, acaba de comprar 30% da startup InspectoAgri, uma plataforma de gestão de riscos de operações de crédito agrícola sediada em Goiânia.
O InspectoAgri facilita a obtenção de crédito por produtores rurais frente a cooperativas e outros fornecedores, por meio de instrumentos como o penhor agrícola, uma forma de usar a produção futura como garantia.