
Paulo Magnus, CEO da MV. Foto: Divulgação.
A MV Sistemas, especializada em software de gestão para o setor de saúde, fechou o ano ado com um faturamento de R$ 400 milhões, uma alta de 20% frente ao resultado de 2020.
Em nota, a companhia fala em atingir um faturamento de R$ 1 bilhão até 2025 e no desafio de “consolidar a saúde digital no Brasil”.
Além dos resultados, a MV divulgou também que um estudo do Santander avaliou a empresa em R$ 4 bilhões.
Outro da EY disse que a MV é “líder no desenvolvimento de software para a saúde na América Latina”.
Ainda de acordo com a MV, o Soul é o “sistema de gestão para saúde mais utilizado do Brasil”, com Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), eleito seis vezes o melhor da América Latina pelo instituto norte-americano de pesquisa KLAS.
A MV também se define agora como uma “healthtech”, com 2,6 mil clientes espalhados por hospitais, clínicas, operadoras de planos de saúde, centro de medicina diagnóstica, rede pública de saúde.
Atualmente são 214 mil médicos cadastrados nas suas plataformas de atendimento e mais de 110 mil leitos istrados.
A MV também anunciou uma nova identidade visual e novo posicionamento, com o slogan “MV - Mais Valor para a Saúde”.
“O aumento do foco no bem-estar após a pandemia acelerou os processos de transformação digital. Nosso papel frente a essas incontáveis mudanças é de promover meios cada vez mais integrados, íveis e práticos para que equipes e pacientes possam ter o a informações importantes”, comenta Paulo Magnus, CEO da MV.
Os números, a meta, os estudos, a nova marca e o discurso em geral são bastante chamativos vindos da MV, uma empresa com 34 anos de mercado relativamente discreta para o tamanho que tem.
A empresa não divulgava valores de faturamento de maneira pública pelo menos desde 2014, por exemplo, e nunca abriu coisas como o seu valor de mercado estimado (o que não é frequente de maneira geral).
Fica a questão de como interpretar o fim da modéstia da MV. A hipótese mais óbvia é que a empresa busca a visibilidade merecida, em um momento em que o mercado de tecnologia para a saúde está muito aquecido.
Impulsionadas pela pandemia, a quantidade de startups brasileiras da área de saúde cresceu 118% em apenas 2 anos, ando de 248 em 2018 para 542 em 2020, de acordo com o relatório “Distrito HealthTech Report 2020”.
As chamadas "healthtechs" captaram até outubro do ano ado US$ 344,3 milhões, um aumento de 329% em relação ao ano anterior, segundo dados da Sling Hub.
No ano ado, para ficar em um só exemplo, a Bionexo, uma healthtech que conecta instituições de saúde e fornecedores através de seu marketplace, recebeu um aporte de R$ 440 milhões da americana Bain Capital Tech Opportunities.
Na rodada, a companhia atingiu um valor de mercado superior a R$ 1,1 bilhão. E isso sendo que ela tem 500 funcionários e uma receita líquida de R$ 54,3 milhões no primeiro semestre de 2021.
Apesar de não atuar exatamente no mesmo segmento, a MV tem 1,8 mil funcionários, filiais em 10 estados do Brasil e clientes internacionais em Angola, México, Equador, Argentina, Panamá, Peru e Uruguai.
Pelo que parece, a companhia resolveu deixar a modéstia de lado e trata de chamar mais atenção no mercado. Como isso vai se desdobrar na prática, deve ser visto ao longo de 2022.