
Agora vagando no espaço. Foto: divulgação.
A alegria do primeiro nanosatélite 100% brasileiro não durou mais que 15 dias. O CubeSat AESP-14 foi declarado inoperante pela Agência Espacial Brasileira (AEB) nesta quarta-feira, 04.
Em comunicado, a AEB informa que o satélite, lançado no dia 5 de fevereiro, falhou em ligar sua antena de comunicação, tarefa que deveria ser feita cerca de 30 minutos após entrar em órbita.
Segundo destacou a AEB à agência EFE, especialistas do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), entidade responsável pela operação do satélite, fizeram diversas tentativas de reparar o equipamento, porém não tiveram sucesso.
Depois de 15 dias tentando resolver o problema da antena, a bateria do AESP-14 morreu, decretando o fim do primeiro nanosatélite feito totalmente com componentes nacionais no espaço.
Com uma dimensão de 10 centímetros cúbicos e peso de 700 gramas, o nanossatélite deveria ter três meses de vida útil, tempo durante o qual transmitiria uma sequência de cem arquivos armazenados.
Para não dizer que toda a experiência foi em vão, o ITA afirmou em nota que, apesar do fracasso, o projeto serviu para dar ao time do instituito "a experiência em construir um protótipo".
Mesmo assim, foi uma experiência cara, já que para fazer o pequeno CubeSat, a AEB investiu R$ 250 mil no desenvolvimento do satélite, cabendo ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) o aporte de R$ 150 mil em bolsas para pesquisas.
Com a "morte" do AESP-14 as esperanças de levar nanosatélites ao espaço e desenvolver tecnologias aeroespaciais dentro do país ficam no Rio Grande do Sul, onde as notícias também não são boas.
A iniciativa de criação do Polo Aeroespacial Gaúcho era puxada pelo governo gaúcho, envolvendo a empresa de sistemas aviônicos AEL Sistemas, sediada em Porto Alegre, universidades como Unisinos, Ufrgs, PUC-RS e UFSM, além de outras companhias gaúchas como Digicon, GetNet e TSM.
Liderando o grupo, a AEL submeteu o projeto de um microssatélite para o edital Inova Aerodefesa, da Finep.
Entretanto, o programa perdeu força em fevereiro de 2014, depois que o valor inicialmente solicitado de R$ 43 milhões se reverteu em um aporte de R$ 5 milhões da Finep para a AEL. A empresa disse que buscaria outras fontes de recursos, mas não se ouviu mais sobre o assunto.
Em dezembro de 2014, o então governador Tarso Genro (PT-RS) publicou uma carta afirmando que os recursos liberados pela Finep eram insuficientes para a materialização do projeto, o que deixava "sem objeto" o protocolo de intenções firmado com a AEL.
A decisão de Tarso de tirar o corpo fora teve um viés político. A carta foi endereçada à Federação Palestina do Rio Grande do Sul, que vinha criticando o acordo, uma vez que a AEL é uma subsidiária da gigante de defesa israelense Elbit.